Os primeiros automóveis apareceram em São Paulo em 1893. No final do século 19 havia quatro deles registrados na cidade - e a população saía à janela para vê-los passar quando foi criada a primeira regulamentação sobre a circulação, em 1903.
Ela dizia: "Nos lugares estreitos onde haja acúmulo de pessoas, a velocidade será a de um homem a passo. Em caso algum poderá ir além de 17 km/h nas ruas centrais".
Mais de cem anos depois, a média imposta pelo trânsito é a mesma. No pico da tarde, das 17h às 20h, a velocidade média do trânsito foi de 17 km/h, em maio de 2010.
"Em 1925, com os primeiros ônibus, começaram os conflitos. Eles passavam na frente dos pontos de bonde para pegar passageiros", diz Adriano Murgel Branco, ex-secretário dos Transportes e consultor de trânsito.
A frota de São Paulo está prestes a chegar a 7 milhões de carros - a cidade tem cerca de 11 milhões de habitantes. Em 1950, quando a cidade era muito mais compacta, havia cerca de 50 mil carros.
O crescimento difuso do tecido urbano é um dos agravantes pregados por urbanistas: o transporte tem de servir distâncias cada vez maiores com velocidade bem menor.
A partir de 1958, depois da implantação da indústria de bens de consumo duráveis, os carros começam a surgir com ímpeto. "Abandonou-se o transporte público", afirma Ailton Brasiliense, ex-presidente da CET e ex-diretor do Denatran.
O problema do trânsito se agravou nos anos 90, quando a média de lentidão aferida pela CET saltou dos 40 km para 120 km em dez anos.
Em 96, foi adotado o rodízio - primeiro para combater a poluição, depois para favorecer o tráfego. Em resposta à lentidão, surgiu o fenômeno da multiplicação das motos.
Curiosamente, a presidência da CET fica no local do primeiro congestionamento, na esquina do Municipal.
Fonte: Folha de S. Paulo, 13 de março de 2011