Enquanto a dúvida em favor do indivíduo existir sobre essa questão, vidas vão sendo perdidas. É em função disso que a lei seca não tem mais a eficácia que teve no começo, opina José Montal, vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), em artigo no jornal Estado de S. Paulo. À época, o próprio anúncio da lei já causou um efeito nas pessoas, tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a parabenizar o Brasil pela medida.
Hoje, os bons exemplos são Espanha e Portugal. O primeiro já conseguiu reduzir o número de acidentes nas estradas para níveis da década de 1960. Portugal tem um método de fiscalizar 25% da população de motoristas por ano - em quatro anos, todos já passaram por uma blitz pelo menos uma vez, e isso faz com que o Estado se faça presente nessa questão.
Uma coisa que não dá para dizer é que o menor número de acidentes nas rodovias paulistas em relação às federais seria por conta das boas condições das estradas em São Paulo. Pelo contrário: dados da própria Polícia Rodoviária Federal apontam que a maior parte dos acidentes acontece em estrada e condições de visibilidade boas. Chamamos isso de "reta hipnótica": quando você dirige em condições favoráveis e está muito seguro no trânsito, você abdica do controle do risco e relaxa.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 10 de março de 2011