Quem tinha optado por deixar o carro na rua também se deparou com custos mais elevados, pois em outubro a Prefeitura de São Paulo já havia reajustado a tarifa da Zona Azul de R$ 1,80 para R$ 3,00 a hora.
Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o reajuste tem algumas explicações. Ele acredita que a diminuição dos espaços para estacionamento na cidade - seja na rua, com menos vagas para estacionar, ou em locais particulares, por causa da mudança dos espaços vazios para empreendimentos imobiliários - somada ao crescimento do número de carros circulando na capital e ainda a falta de segurança para deixar o veículo na via pública contribuem para o aumento do preço da hora de estacionamento. "Há queda de concorrência com menos estacionamentos na cidade, ao mesmo tempo que a aumenta a demanda com mais carro na rua nos últimos anos. O resultado é aumento de preço", comenta o educador.
Nessas situações, dependendo do deslocamento do morador na cidade, o transporte público e o táxi acabam se transformando em boas opções. "Algumas vezes, o que se paga de estacionamento é o que se gastaria com o transporte público, sem contar o combustível", afirma o professor de Economia da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite. O motorista Eduardo Giometti sentiu a diferença de preço nos últimos anos. Da verba de R$ 300,00 que a empresa lhe dá para as despesas gerais do carro, pelo menos R$ 100,00 são gastos com estacionamentos. "Já gastei bem menos que isso, mas agora o preço não para de aumentar e a minha verba rende cada vez menos." Quando foge dos estacionamentos, vira refém da Zona Azul. "E quero ver você achar vaga para parar o carro nas ruas do centro. Não encontra de jeito nenhum."
O cargo de gerente de vendas obriga o gaúcho Rafael Silvério a visitar vários centros empresariais do País. Com conhecimento de causa, portanto, ele afirma: os preços cobrados pelos estacionamentos dos principais bairros paulistanos são os mais altos do Brasil. "Se pago R$ 10,00 para estacionar em um bairro chique de Porto Alegre, por exemplo, aqui pago R$ 15,00 pela hora. E o pior é que, cada vez que venho para cá, o preço está mais alto."
A promotora de eventos Talita Pereira disputa uma vaga para trabalhar em uma empresa sediada na região da Avenida Paulista. A contratação, se vier, vai lhe trazer uma alegria e também um problema: o valor do estacionamento. Obrigada a trabalhar de carro e sem encontrar vagas na rua, ela já espera que parte do salário tenha de ser destinada a essa despesa. "No meu antigo emprego, na zona norte, eu pagava metade do preço que terei que pagar se vier trabalhar aqui. E o moço do estacionamento já avisou que o valor sobe no mês que vem." Uma vaga de mensalista na região da Avenida Paulista pode chegar a custar mais de R$ 300,00.
Fonte: Jornal da Tarde (SP), 2 de fevereiro de 2010
Comentário do Sindepark:
De acordo com as pesquisas realizadas pelo Sindepark desde 2005, os estacionamentos aumentaram 45% no período, índice absolutamente compatível com a valorização imobiliária ocorrida na Cidade. É bom lembrar que a operação dos estabelecimentos de nossa atividade está diretamente atrelada a vínculos locatícios. Por outro lado, desconhecemos a base da pesquisa que deu origem à matéria do JT.