Uma análise feita por Carlos Paiva sobre a evolução regionalizada da população na Região Metropolitana de São Paulo, com base nas pesquisas origem-destino (OD) realizadas pelo Metrô-SP, confirma algumas tendências já detectadas na OD de 1997.
A cidade de São Paulo apresenta uma taxa de crescimento demográfica baixa, mas a sua área central já tem uma evolução negativa.
Ou seja, na sua parte mais rica a cidade parou de crescer. São Paulo parou, ao contrário daqueles que sempre defenderam que "São Paulo não pode parar".
O que isso significará para o trânsito? Que repercussões terá para os estacionamentos privados?
Outro fenômeno comprovado é que o Metrô promove o "esvaziamento" das áreas no entorno das estações. Isso decorre da graduação econômica e da verticalização. Ao contrário da impressão generalizada de que a verticalização cria as selvas de concreto, com maior aglomeração de gente, a densidade populacional na área territorial cai.
Isso porque a ocupação tradicional com os sobradinhos tem um coeficiente de aproveitamento maior que o dos prédios. Além disso, a classe média que substitui a ocupação por famílias de menor renda tem um número de pessoas na família menor.
Porém, a densidade de veículos aumenta. Há mais carros por família.
Se as áreas centrais estão se esvaziando, por que aumentam os congestionamentos?
Embora não haja estatísticas regionalizadas da frota de veículos, é notório que os maiores aumentos estão nas faixas intermediárias da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), onde emerge uma classe C, saindo das D e E.
Esses aumentam o seu índice de motorização e passam a ir ao trabalho com o seu carro. Por essa razão, os maiores congestionamentos estão nos corredores de acesso ao centro tradicional.
Com a ampliação das linhas de metrô e novas estações, mantidas as tendências, a pesquisa OD de 2017 deverá mostrar um esvaziamento maior das áreas servidas e uma taxa negativa de evolução demográfica para todo o Município de São Paulo. A inflexão deverá ocorrer por volta de 2014. A Região Metropolitana, no entanto, deverá manter uma taxa de crescimento positiva, ainda que baixa.
O centro expandido, assim como as suas extensões em torno dos corredores, continuará tendo congestionamentos. Essa área tende a perder origens, mas ganha em destinos.
As tentativas de reverter esse esvaziamento residencial serão inócuas. Poderão ocorrer tentativas pontuais de revitalização, mas a densidade continuará caindo. E a população total também.
Essas áreas continuarão tendo polos de destinos importantes, mantendo os congestionamentos e demanda para os estacionamentos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.