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Quase um ano após o início da campanha de proteção ao pedestre em São Paulo, novas pesquisas feitas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) revelam que, em locais onde há faixa, mas não há semáforo, os motoristas não param e põem a culpa na "distração" de quem está a pé. Os dados foram divulgados dia 17 pela CET. Mais da metade dos 404 motoristas entrevistados disseram não respeitar a faixa nessas condições porque o pedestre fica "distraído, olhando para os lados".
Segundo a Folha, os condutores reclamaram também de pedestres que falam ao celular, conversam com amigos ou ficam desatentos fumando um cigarro.
Por isso, alegaram os motoristas, fica difícil saber se o pedestre quer de fato atravessar a rua naquele momento.
"Tem que ter bom-senso das duas partes. Se ele (pedestre) está ao telefone, é porque não está preocupado em atravessar", diz o motorista Júlio César Tavares.
Já os pedestres disseram na mesma pesquisa que, quando querem atravessar, não sinalizam, apenas esperam uma "brecha", por medo ou falta de costume.
Para a superintendente de educação no trânsito da CET, Nancy Schneider, a pesquisa torna claro que falta ao pedestre "assumir seu papel" e ser mais pró-ativo na travessia.
A pesquisa mostra ainda que o "gesto do pedestre" - sinal feito com a mão para pedir passagem - é uma das orientações da CET que ainda "não pegaram". Motoristas e pedestres concordam que ele é muito pouco usado nas ruas.
A estudante Adriana Martins é uma das poucas pessoas que dizem fazer o gesto. Ela conta que foi atropelada por um carro na rua Augusta (região central de São Paulo) quando tinha dez anos - quebrou um fêmur e a bacia -, o que a tornou mais cuidadosa.
"Aqui (na rua Frei Caneca) não tem semáforo na maioria dos cruzamentos e os carros não param. Mas quando eu faço (o gesto), funciona um pouco mais", afirma.
Respostas X Realidade
Outra pesquisa da CET, feita em fevereiro em cinco esquinas do centro, mostra que enquanto 97% dos condutores de carros disseram respeitar a faixa, uma contagem mostrou que em 73% dos casos isso não aconteceu.
E, ao mesmo tempo em que 97,5% dos motoristas afirmaram que têm respeitado mais os pedestres, só 59,3% destes disseram ter percebido isso.
Para CET, pedestre tem vergonha de erguer braço
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirma que o programa de proteção ao pedestre estará, agora, mais voltado para a orientação do pedestre.
"A gente (da CET) tem conversado com as pessoas e elas têm dito que têm vergonha de esticar o braço (para sinalizar a travessia)", afirma a superintendente de educação do órgão, Nancy Schneider.
"É um problema cultural. O pedestre até hoje acha que não tem direito de atravessar. É importante falar para os pedestres que, hoje, os motoristas sabem que a preferência é deles", diz.
Quando o "gesto do pedestre" foi adotado pela CET no ano passado, os técnicos disseram estar se baseando na experiência de Brasília - cidade considerada referência no respeito ao pedestre.
Para a CET, uma hipótese para a "distração" de quem está a pé revelada pela pesquisa é que ele esteja resignado após vários anos de desrespeito.
As multas para o condutor que não respeita quem está a pé estão no Código de Trânsito Brasileiro desde 2008, mas os órgãos de fiscalização faziam vistas grossas.
Em São Paulo, a punição ao motorista só começou em agosto do ano passado. Até 30 de março foram feitas quase 160 mil autuações.
Segundo os últimos dados disponíveis, 630 pedestres morreram na capital em 2010, de 7.007 atropelados.
Um balanço divulgado no início deste mês mostrou que, de maio de 2011 - quando a campanha foi lançada - a janeiro deste ano, as mortes no centro da cidade caíram 37% na comparação com o mesmo período anterior.
Fonte: Folha de S. Paulo, 18 de abril de 2012

Categoria: Geral


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