Se não bastasse a superlotação, o calor e atrasos no horário, uma viagem de ônibus também pode causar impacto direto no corpo.
"Quem tem uma sensibilidade na região da coluna tem uma tendência a ter mais dor. Se for um movimento mais brusco, causa lesões, pequenas distensões. Isso pode gerar semanas de dor", alerta o ortopedista José Luiz Zabeu.
Um aparelho instalado no ônibus registra toda a movimentação que o veículo faz em curvas, lombadas e valetas, marcando a hora e a localização geográfica. Os dados ficam armazenados no equipamento. No fim do percurso, são transmitidos para o computador por um dispositivo de comunicação sem fio. A qualidade do transporte é monitorada com precisão. Pontos em um mapa mostram todos os movimentos bruscos.
"Esses pontos identificam uma maior intensidade de eventos nessa rua. Então, nesta rua, existem ocorrências de buraco, causando desconforto", explica o professor Fabiano Fruett, da Unicamp.
Em uma comparação feita pelos pesquisadores entre um trajeto percorrido de carro e ônibus, o instrumento mostrou que o nível de desconforto do passageiro do ônibus foi dez vezes maior. Mas não é só o tipo de veículo que torna uma viagem melhor ou pior que a outra. A manutenção do carro, o estado de conservação da pista e até o jeito que o motorista dirige influenciam diretamente na análise dos dados.
A avaliação do transporte, feita em uma escala que varia de 0 a 5, pode melhorar a vida do passageiro. "Seria uma infinidade de informações muito úteis para a prefeitura localizar onde há imperfeições no asfalto, comparar motoristas e ônibus", aponta o professor Fabiano.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 20 de abril de 2012