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Nos próximos anos, São Paulo terá 12 novos empreendimentos na Marginal do Pinheiros, que vão criar quase 50 mil vagas de estacionamento ao longo de uma das principais vias da capital, já bastante congestionada. A maior parte desses megacomplexos - que abrigarão torres comerciais e residenciais, hotéis e shoppings - concentra-se nas regiões de Santo Amaro, Chácara Santo Antônio, Morumbi, Vila Olímpia e Itaim-Bibi, na zona sul.
Esses projetos constam de uma lista de 200 empreendimentos de grande porte - levando em consideração o m² construído e o número de vagas criadas - tidos como polos geradores de tráfego. A relação foi elaborada pela Secretaria Municipal de Habitação e enviada ao Ministério Público Estadual (MPE), conforme noticiou O Estado.
Com base nessa listagem, o MPE quer saber quais são as contrapartidas exigidas pela Prefeitura para aprovar os projetos e que tipo de obras viárias serão cobradas da iniciativa privada para que o trânsito no entorno dos empreendimentos não vire um caos. "Nossa prioridade neste ano é investigar como a mobilidade urbana vem sendo tratada pelo poder público", afirma o promotor José Carlos de Freitas, da Habitação e Urbanismo. "Os reflexos não são sentidos apenas no trânsito - também afetam outras áreas, como a permeabilidade do solo da cidade."
O maior empreendimento - em tamanho e número de vagas - fica na região da Chácara Santo Antônio, nos terrenos das antigas fábricas Monark e Timken, entre as Ruas Engenheiro Mesquita Sampaio, José Vicente Cavalheiro, João Peixoto dos Santos e Antonio de Oliveira. O terreno tem 585 mil m² e vai criar 10.483 vagas. Além de hotel e shopping center, terá torres comerciais e residenciais. As obras ainda nem começaram, mas já preocupam os vizinhos.
Na Marginal do Pinheiros, esquina com a Rua Luís Correia de Melo, região de Santo Amaro, outro empreendimento começa a tomar forma onde antes havia quadras de tênis. No local haverá 396 unidades residenciais, 204 comerciais e 20 espaços corporativos com 1.364 vagas.
Caminhões
A movimentação de caminhões já preocupa moradores, como a aposentada Hiromi Kondo, que mora há quatro décadas no bairro. "No ano passado, começou a funcionar um condomínio residencial e há outros dois sendo erguidos. O trânsito já é difícil, pois essa rua virou rota de fuga da Marginal."
Na esquina da Marginal com as Ruas Doutor Rubens Gomes Bueno e Acari, também na região de Santo Amaro, um terreno de 201 mil m² vai abrigar o Brookfield Towers, com duas torres e um shopping center. O local teria o prédio mais alto do País, com 200 metros, mas a altura foi rebaixada para 135 metros. Na garagem, serão 3.809 vagas.
Especialistas alertam para falta de planejamento
Especialistas veem com preocupação a acelerada verticalização de bairros da capital. O engenheiro Roberto Scaringella, ex-diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), diz que as políticas de uso do solo e de mobilidade precisam ser harmonizadas. "Devem ser duas legislações harmônicas e não divorciadas", diz.
Já o professor João Sette Whitaker, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e do Mackenzie, acredita que os interesses imobiliários estão prevalecendo. "As grandes empresas fazem o que bem entendem", diz. "É só ver exemplos recentes: a Ponte Octavio Frias de Oliveira, da Marginal do Pinheiros, não foi feita para ônibus e as vias da Marginal do Tietê foram alargadas sem que mais quilômetros de metrô fossem abertos. Estão matando a cidade", avalia Whitaker.
Contrapartidas
Grandes empreendimentos comerciais, residenciais, shoppings, hipermercados e faculdades, entre outros, são obrigados por lei a promover e custear melhorias no sistema viário do entorno dos bairros onde serão instalados. Entre as contrapartidas estão mudanças viárias - como o alargamento de ruas e a instalação de semáforos. Cabe à CET decidir quais intervenções devem ser feitas. Depois de cumpridas as exigências, a Prefeitura concede o alvará.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 23 de abril de 2012

Categoria: Geral


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