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Antigamente, todo carro novo era alvo de uma atenção especial. Não só nas ruas, mas também de quem dirigia. Era preciso amaciar o motor e tomar cuidado com a transmissão até que os componentes mecânicos se ajustassem. Mas a modernização fez com que as fábricas evoluíssem o processo de produção. E os carros deixaram de exigir tantos cuidados. Mas, não se sabe bem o porquê, de uma hora para outra a redução de cuidados virou praxe e passou-se a acreditar que os carros modernos saíam da fábrica prontos para o uso, sem necessitarem de maiores preocupações. A situação se agrava pelo enorme número de consumidores que estão comprando um zero-quilômetro pela primeira vez, alerta a Autopress.
As principais recomendações estão naquele livro que só serve para ocupar lugar no porta-luvas, o manual do proprietário. É ali que a montadora explica como o automóvel deve ser tratado nos seus primeiros instantes de utilização. Lá é mostrado, por exemplo, como "amaciar o motor". A técnica é indicada pela grande maioria das montadoras para os primeiros dois mil quilômetros. "Nessa fase, alguns componentes do motor ainda estão em processo de assentamento. Claro que atualmente, mesmo que o cliente use o carro em últimas rotações, o motor não quebra como antigamente, mas o mau uso nos primeiros dois mil quilômetros vai prejudicar o desempenho depois", explica Luis Carlos Bouças, instrutor técnico da Audi.
As viagens longas são recomendadas. Nelas o motor, freios e pneus chegam à temperatura ideal de funcionamento.
Outro cuidado que foi mudado ao longo dos anos graças ao avanço da tecnologia automotiva é a primeira troca de óleo. Antigamente, ela precisava ser feita logo nos primeiros mil km pela grande quantidade de resíduos resultantes das primeiras partidas do motor. Hoje, para se prevenir e facilitar a vida do cliente, as montadoras usam um óleo especial no primeiro momento, que permite que a troca seja feita na tradicional marca de 10 mil km."Recomendamos sempre olhar o nível do óleo a cada 500 km, ou antes, de viagens longas", indica Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. A mudança do jeito como se trata o motor nos seus primeiros dias é tamanha que até a expressão "amaciar o motor" caiu em desuso nas montadoras "Hoje, os propulsores já vêm pré-amaciados de fábrica. A partir daí dizemos que o motor passa por um período verde. Nesse intervalo de tempo, que está cada vez menor, indicamos ao cliente que use o carro de forma mais comportada e moderada", reforça Reinaldo Nascimbeni, supervisor de serviços técnicos automóveis da Ford.
O uso comedido do carro no começo de sua existência é importante ainda para os componentes de segurança do automóvel. Pneus e freios, por exemplo, também precisam de um tempo para atingir o seu nível máximo de desempenho. Já que estes equipamentos são fundamentais no comportamento dinâmico, não é recomendado que se force muito o uso deles. "Os pneus precisam de 300 km para alcançarem a aderência ideal. Já nos freios são necessários cerca de 500 km para terem sua eficácia normal. Em carros manuais, a embreagem também necessita de cerca de 500 km para atingir um funcionamento perfeito", lembra Luiz Estrozi, gerente de serviços e planejamento da BMW.
Brutos e delicados
Carros de passeio exigem um tratamento especial nos primeiros quilômetros rodados. Mas nada que chegue perto dos cuidados necessários com modelos de alto desempenho. E não são apenas os esportivos que precisam ser olhados diferentemente. SUVs e pick-ups geralmente também necessitam de uma maior resposta do motor. "Pedimos para o cliente tomar mais cuidado ainda com esses tipos de veículos. As rotações altas devem ser evitadas no início e a primeira troca de óleo deve ser feita aos cinco mil quilômetros", aponta Reinaldo Muratori, diretor de engenharia e planejamento da Mitsubishi.
Motores mais potentes não têm necessariamente de ter uma manutenção diferente dos mais fracos. "O problema é que geralmente o perfil dos motoristas que compram esses carros indica que eles forçam mais o motor. Por isso na hora de revisar os componentes o resultado pode ser um pouco diferente", completa Reinaldo Muratori. O mesmo vale para o desempenho nos primeiros momentos de vida do carro. "Se você pegar um Audi R8 zero-quilômetro e tentar tirar o máximo de potência dele, é bem provável que o resultado não seja satisfatório. Mas isso é normal e deve mudar depois dos dois mil quilômetros", exemplifica Luis Carlos Bouças.
Fonte: Autopress, 16 de julho de 2010

Categoria: Geral


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