"Eles (os motoqueiros) correm muito, batem no nosso retrovisor, e aí acontece o que acontece normalmente", afirma a estudante de Direito Verônica Mascarenhas. "Eu acho que eles têm que lembrar que a rua também é nossa, que é de todos, e não só deles", comenta a escritora Ruth Barros.
Motoboys e motoboys: às vezes, eles também não entram em um acordo. Novas empresas abrem as portas em cada esquina, sem nenhuma estrutura. É o próprio sindicato que confirma. "São aproximadamente 1,2 mil (empresas de motoboys) na Grande São Paulo. As que estão inscritas no Departamento de Transporte Público são aproximadamente 500 e as legalizadas somam cerca de 300", informa Rogério Cadengue, presidente do Sindicato das Empresas de Distribuição e Entregas Rápidas de São Paulo.
E o número de motoboys só aumenta. "Hoje você precisa de um motoboy praticamente para tudo, desde para entregar seu remédio, pagar sua conta no banco até levar sua pizza, resolver todo esse tipo de problema que se tem", diz Gilberto dos Santos, presidente do Sindicato dos Mensageiros, Motoristas, Ciclistas e Mototaxistas de São Paulo.
Problemas? Isso os motoboys também têm e muitos. Milhares deles trabalham sem registro e outros tantos têm a moto em situação ilegal. O pátio do Detran em São Paulo tem quase cinco mil motos apreendidas, por falta de licenciamento, placas irregulares, riscadas, dobradas.
A partir de dezembro, a lei que regulamenta a profissão será rigorosamente fiscalizada. A idade mínima para exercer a profissão será de 21 anos e só poderá trabalhar quem tiver habilitação por pelo menos dois anos na categoria "A". Os motoboys terão que fazer um curso, com aulas sobre segurança, ética, disciplina, legislação e vários outros temas. Serão indispensáveis equipamentos como protetor para as pernas, antena corta-pipa e colete de segurança com dispositivo autorreflexivo.
O futuro da profissão? Bem, se depender do trânsito das grandes cidades, ela só tende a crescer. Em uma coisa, todos concordam: são milhares de empregos em oferta.
Em todo o Brasil, já são 2,5 milhões de motoboys e mototáxis. Só os Correios entregam, de moto, todos os dias, mais de seis milhões de objetos. Dá para ficar sem elas?
Fonte: programa Globo Repórter (TV Globo), 16 de julho de 2010