Nas primeiras horas da manhã, São Paulo chega a ter quase 14 mil ônibus em circulação. No fim da noite, entre 22h e 1h da madrugada, eles ainda são quase cinco mil. Mas a partir daí, o número cai drasticamente, só 300 continuam circulando. Quem precisa deles, acha pouco.
Existem 66 linhas que não param durante a noite, mas, além dos intervalos longos, os destinos são limitados, deixando muita gente no meio do caminho.
De madrugada no Rio de Janeiro circulam 21% das linhas de ônibus que existem na cidade. Segundo uma resolução da Secretaria Municipal de Transportes, o intervalo entre os ônibus nos pontos pode ser até de uma hora.
Filas enormes, disputa pelos ônibus. Tudo isso à 1h, horário do rush para quem busca a última chance. "Fazer o que, eu não posso ir a pé. É bem longe". "Não é qualquer dia que a gente tem R$ 4,00 para pegar uma van".
O horário da correria na Central do Brasil é um pouco mais cedo. Os últimos trens partem pouco antes das 23h. As portas da estação fecham à meia-noite em ponto. A justificativa é a necessidade da parada para a manutenção, mas na opinião do especialista em transportes Fernando MacDowell seria possível prolongar o metrô até às 2h. "É uma questão meramente de planejamento e ter gente competente para fazer esse tipo de trabalho", afirma.
A maior estação de ônibus urbanos de Salvador fica bem no centro da cidade. Durante o dia, mais de 400 mil pessoas passam por lá. Já na madrugada o terminal é um retrato do transporte coletivo na capital baiana entre 00h e 4h. Praticamente não existe. São apenas 13 ônibus fazendo o chamado "pernoitão". Quase nada para uma cidade de três milhões de habitantes.
É assim a vida de quem depende de transporte público no País durante a madrugada. Passou da meia noite, o ônibus desaparece.
Fonte: Jornal da Globo, 31 de julho de 2009