Nos últimos tempos, quem mora em cidade grande e se muda para um imóvel mais novo sempre estranha a garagem. Embora os construtores neguem, a impressão que passa para muita gente é de que as vagas para estacionar estão ficando menores à medida que o tempo passa. A indústria da construção civil garante que a impressão é isso, só impressão, mas o problema aflige os motoristas na mesma proporção em que a variedade de marcas e modelos à disposição cresce.
Essa pode ser uma explicação, por exemplo, para o fato de que o mercado criou novas faixas com veículos bem maiores que a média e que possuem muitos admiradores. É o caso dos Dobló, dos Ecosport, dos Toyota Fielder, de jipes como Cherokee e o Mitsubishi TR-4, só para citar alguns. Ou ainda picapes médias como a S10 e a Ranger.
A falta de diálogo entre a indústria da construção e a automotiva é componentes do problema. Normalmente, quando se compra um apartamento ninguém mede o tamanho da vaga, ou os espaços de manobra dentro dos estacionamentos. Seria mais simples se os dois lados trabalhassem em conjunto, como propõe o presidente do Instituto dos arquitetos do Brasil (IAB), Fernando Alencar.
Para Alencar, não se planeja para o futuro, assim como a lei não se moderniza na mesma velocidade que as montadoras lançam modelos.
Isso traz prejuízos ao consumidor, forçado a fazer manobras apertadas para entrar no espaço padrão, - 2,5m X5m. "Ninguém levou em conta as mudanças no tamanho dos carros. até algum tempo, picapes eram para a área rural, mas o tamanho das vagas para elas se manteve", lembra.
Segundo Ricardo Corrêa, assessor da construtora Carvalho Hosken, as empresas seguem o padrão mínimo, sobretudo em áreas de grande densidade, como as zonas Sul e Norte do rio. Já na Barra da Tijuca, a situação muda. "A Barra tem espaço de sobra para investimentos que oferecem vagas mais amplas, o que não acontece em bairros com adensamento populacional. Neste caso, não há como fugir da medida padrão, o que existe são alternativas para facilitar a vida do morador, como a contratação de um manobrista", explica.
Segundo a Secretaria Municipal de Urbanismo, a legislação estabelece medidas tanto de estacionamento quando o espaço é necessário para a manobra e altura do teto da rampa de acesso à garagem superior. ainda segundo o órgão, antes de ser dado o habite-se, fiscais da secretaria vistoriam a edificação.
Fonte: Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), 24 de fevereiro de 2007