Na hora de multar os motoristas infratores, a Prefeitura é extremamente eficiente, mas o mesmo não ocorre quando se trata de fazer a sua parte para melhorar o caótico trânsito da Cidade, como mostra reportagem do Jornal da Tarde sobre o péssimo estado em que se encontram os semáforos inteligentes por falta de manutenção.
Dos 1.256 desses semáforos, instalados em 1994 - que deveriam controlar o trânsito em tempo real por meio de sensores que medem o fluxo de veículos e programam o tempo de abertura em cada via -, apenas 230 (18%) funcionam como deveriam. É o que indica levantamento feito pelo Sindicato dos Marronzinhos (Sindviários).
Os 1.026 equipamentos restantes funcionam como sinalizadores comuns. Ou seja, o sistema está praticamente inoperante. Além da falta de manutenção, um outro elemento colabora para essa situação - empreiteiras e concessionárias, ao fazerem obras nas ruas, rompem os sensores e cabos de fibra ótica que possibilitam a comunicação entre os semáforos e os Departamentos de Controle Semafórico (DCSs) e elas, ao contrário do que seria de se esperar, não restabelecem as ligações.
Em novembro, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) começou a reformar quatro dos cinco DCSs, com a troca de móveis e computadores e a instalação de uma versão atualizada do programa Scoot, utilizado para o controle do tráfego em grandes cidades dos países desenvolvidos. Mas, como lembra Cleoton Nogueira de Sá, diretor do Sindviários, sem a recuperação da rede de cabos de fibra ótica e dos sensores, os novos computadores ficarão "cegos".
O presidente da CET, Roberto Scaringella, promete iniciar este ano a recuperação de todos os equipamentos do sistema, mas reconhece que não dispõe ainda dos recursos necessários para isso. Quanto às concessionárias, afirma estar buscando um "entendimento". É preciso ir além dessas promessas nos dois casos - mais verbas para a CET e maior rigor com as concessionárias.
O retorno de uma ampla reforma dos semáforos inteligentes, por mais cara que seja, compensa o esforço. Calcula-se que, funcionando bem, eles podem aumentar em até 15% a fluidez do trânsito, o que não é nada desprezível. Para atingir resultado semelhante com obras viárias, por exemplo, seriam necessários investimentos muitas vezes superiores.
Fonte: Jornal da Tarde (São Paulo), 24 de fevereiro de 2007