Parking News

O programa Planeta Cidade, exibido pela TV Cultura no dia 25 de fevereiro, abriu espaço para discutir a importância dos estacionamentos para a cidade de São Paulo. Veja a seguir o texto da entrevista com Helio Cerqueira Jr., vice-presidente de Assuntos Institucionais do Sindepark e presidente da rede de estacionamentos Estapar, e reportagem veiculada durante o programa.

Abertura do Programa (gravada na Praça Alexandre de Gusmão, sobre a Garagem Trianon)

Giobbi: Olá Helio, tudo bem?
Helio: Tudo bem, graças a Deus.

Giobbi: Ainda está calmo, não é? (referindo-se ao trânsito em São Paulo)
Helio: São Paulo está quase calmo...

Giobbi: É que aulas começaram...
Helio: As aulas começaram. São Paulo já está com uns 85% de movimento normal. A calma é aparente...

Giobbi: Já começou a confusão. Ele sabe dessas coisas...
Esse é o Helio Cerqueira Júnior, presidente da rede Estapar de estacionamentos. Essa pracinha aqui (Alexandre de Gusmão), que parece muito calma, na verdade está no meio da confusão de São Paulo. Nós estamos ao lado do Parque Trianon, a dois passos da Paulista e em cima do túnel da Nove de Julho. Entre o túnel e a praça tem um estacionamento para mais de 500 vagas. A Michelle Dufour vai fazer agora uma matéria sobre a dificuldade de se estacionar em São Paulo. Daqui a pouco eu volto para conversar com o Helio, que é um especialista nesse assunto desde os anos 70.

Matéria de Michelle Dufour:

Trinta e oito mil ônibus, mais de sessenta mil motos, uma frota de quase seis milhões de carros...

"Está sobrecarregado...", diz o economista Marco Antonio Cordeiro.
"É carro demais, não é?", pergunta repórter.
"Carro demais", concorda o entrevistado.

Todo dia trezentos novos carros entram em circulação na cidade de São Paulo. Sempre que eu vejo essa cena aqui (trânsito), fico me perguntando: se todos esses motoristas decidirem parar, onde irão estacionar?

"É um excesso de carros", afirma o taxista José Plácido.
"Não há espaço em lugar nenhum. Há trânsito por todo o lugar", complementa economista Marco Antonio Cordeiro.

Espaço é coisa rara nas grandes metrópoles. Em São Paulo a sensação é de aperto, sufocamento. Encontrar uma vaguinha na rua é praticamente um milagre.

"Nunca acho de primeira", diz Rodrigo de Souza, analista de sistemas.

"Como é que você faz para estacionar? Consegue parar na rua?", pergunta e repórter para a auxiliar de escritório Celina de Morais.
"Não, é impossível. Ainda mais no Centro da cidade. Não tem como (parar na rua)", afirma a entrevistada.

Esse problema não é de hoje. Há uns quarenta anos a moda era edifícios-garagem. Prédios por fora e verdadeiros esqueletos de concreto por dentro, construídos exclusivamente para guardar carros. Pé direito baixo, muito andares e um elevador potente. Esse é o princípio de funcionamento das garagens automáticas. A da Luz faz oitocentas viagens de elevador todos os dias.

"Naquela época, todo mundo queria construir garagens automáticas. Era uma coisa moderna", conta Aurelino Teixeira, zelador do edifício-garagem da Luz.

Apesar do sobe e desce dos ascensoristas e do entra e sai dos manobristas, seu Aurelino, zelador da garagem há trinta e dois anos, reclama que a procura pelo serviço não é mais a mesma:

"Agora, a concorrência aumentou. É isso que nos vivemos hoje. O movimento caiu", diz ele.

E a concorrência joga pesado e faz de tudo para pegar o cliente.

"O povo vem?", pergunta a repórter para um funcionário de estacionamento no Centro que fica na rua sinalizando para os veículos entrarem no local.
"Vem. E sé chamar que vem", responde ele.

Em São Paulo para onde quer que a gente olhe tem estacionamento. São nove mil ao todo. Há estabelecimentos sérios, mas há também aqueles de origem duvidosa. O Centro está cheio de lojinhas que viraram garagens improvisadas. Promoção, cobrança por hora fracionada, não tem regra, nem tabela. A primeira hora varia de R$ 2 a R$ 15.

"Nem procuro vaga. Já vou direto para o estacionamento", conta Rodrigo de Souza, analista de sistemas.

Paulo Artur Góes, diretor de Fiscalização do PROCON-SP, fala sobre os cuidados que o consumidor deve tomar ao estacionar:
"Alguns cuidados são importantes. Ao receber o veículo, o consumidor deve verificar se a lataria está em ordem, se os pertences estão dentro do automóvel e se o estepe está no local. Deve guardar a nota e, se houver algum problema, fazer uma reclamação no local ou, se for o caso, até mesmo um boletim de ocorrência."

Para organizar esse mercado e oferecer mais vagas ao motorista a Prefeitura planeja construir seis garagens subterrâneas. Elas vão se localizar na Praça Ramos de Azevedo, na Praça João Mendes, no Pátio do Colégio, no Mercado Central, na Praça Dom José Gaspar e na Avenida São João.

"Quanto tempo você já ficou rodando aqui no Centro para achar uma vaga?", pergunta a repórter para a engenheira Gisele Staner.
"Eu já não rodo mais. Eu nem perco esse tempo", relata a entrevistada.

Raul Vilas, engenheiro da Emurb, explica que as obras das garagens devem começar ainda esse ano e que o Centro foi o local escolhido, por enquanto, porque hoje existe um déficit de quatro mil vagas nessa região.

"A solução de garagens subterrâneas não é uma invenção nossa. Essa é  uma prática utilizada no mundo inteiro", salienta o representante da Emurb.

"Tudo quanto é lugar para estacionar ajuda", opina o taxista José Plácido.

Regina Meyer, urbanista e estudiosa do assunto, aprova as garagens subterrâneas mas aponta outras soluções.

"Eu tenho fé de que quando nós tivermos o sistema de Metrô integrado com o sistema de trens, haverá uma espécie de volta ao sistema de transporte público", diz a urbanista.

Entrevista com Helio Cerqueira Jr. (gravada na Garagem Trianon)

Giobbi: Há quantos anos existe esse estacionamento aqui do Trianon?
Helio: Esse estacionamento vai completar em maio oitos anos de funcionamento ininterrupto. Foram três fases de construção.

Giobbi: E é um projeto de qual gestão?
Helio: O projeto de lei  foi feito pelo ex-prefeitro Jânio Quadros...

Giobbi: Todo mundo diz que o Jânio Quadros era maluco, mas ele era um homem que sabia pensar a cidade. Ele sabia pensar para frente. Essa aqui é a entrada de pedestres?
Helio: Essa é a entrada de pedestres, que oferece total segurança...

Giobbi: E a segurança da Praça? Vocês que fazem?
Helio: Nós fazemos a conservação. Você pode constatar que a grama está cortada, a praça está limpa...

Giobbi: A conservação da praça foi um acordo que vocês fizeram com a Prefeitura?
Helio: A gente teve que assumir a conservação da praça por uma questão lógica: a segurança em cima da praça é muito importante para a qualidade do serviço que oferecemos na garagem. Os clientes têm que sentir segurança ao entrarem e saírem deste estacionamento subterrâneo.

Giobbi: Helio, mas que bonita essa garagem!
Helio: Essa garagem é maravilhosa. Ela até recebeu um prêmio internacional de arquitetura. Note que ela não tem rampas. Ela é uma garagem em rampa.

Giobbi: Você sabe que a única que eu conheço neste estilo, mas é mais íngreme do que essa, é a Garagem que fica sob a Ópera de Sidney. Ela é bonita também.
Helio: Há ainda, por exemplo, a garagem do Louvre, na Praça Vendôme, na Champs-Élysées. Todas elas venceram dificuldades de tombamento, de preservação de árvores centenárias etc. A engenharia hoje consegue superar dificuldades. O negócio de estacionamento é importante para a qualidade de vida. Hoje ele deve fazer parte do planejamento da cidade. Ao passo que na Europa a política de estacionamento é feita pela autoridade municipal, aqui a iniciativa privada atende praticamente 99% de toda a demanda da cidade. E isso é um erro estratégico, porque o estacionamento é um equipamento urbano. Ele tem que fazer parte da política municipal. Ela tem que estabelecer as regras para a instalação e, principalmente, criar uma política de incentivo para a construção de garagens. Eu acho que São Paulo precisaria hoje de pelo menos umas 40 garagens subterrâneas para incentivar o desenvolvimento dos grandes centros.

Giobbi: Subterrâneas em espaços públicos?
Helio: Sim, em espaços públicos.

Giobbi: Eu sei que, por exemplo, que ao lado do Teatro Municipal está faltando uma garagem e já faz tempo...
Helio: O local precisa de uma garagem. E não é só pelo Municipal, mas para toda a sua região.

Giobbi: O Parque do Ibirapuera é outro ponto que precisa de garagens subterrâneas.
Helio: Até por uma questão de qualidade de vida. As pessoas vão ao Ibirapuera porque querem cuidar da saúde, querem passear, querem ter lazer e cultura. Acabam estacionando nas ruas da região, em zonas residenciais que estão no entorno do Ibirapuera.

Giobbi: Isso degrada...
Helio: Degrada. Temos que levar os carros para o espaço subterrâneo.

Giobbi: Com certeza. Quer dizer o certo mesmo é ter estacionamentos nas zonas comerciais, nas zonas culturais, para ninguém ficar sujeito a esse tipo de exploração.
Helio: Na realidade, a finalidade de instalação de um sistema regulamentado em via pública  é incentivar o acesso ao comércio, promovendo seu crescimento. Essa foi a finalidade principal da Zona Azul. Hoje esse conceito se desvirtuou. Temos Zona Azul até em Z1. Você vai na Faria Lima, por exemplo, as ruas transversais são Z1, mas tem lá gente explorando estacionamento a meio-fio, com um talãozinho de Zona Azul...

Giobbi: A rede Estapar atua no Brasil, em oito Estados...
Helio: Atuamos no Brasil. Inclusive, nascemos no Paraná. Na realidade o nome Estapar  significa Estacionamentos do Paraná. Em São Paulo, a Estapar tem hoje 60 mil vagas. No Brasil,  temos 105 mil vagas.

Giobbi: Helio na sua opinião, onde seria mais urgente fazer outras garagens como essa aqui?
Helio: São Paulo tem vários lugares importantíssimos. O Teatro Municipal hoje tem uma utilização deficiente por causa da falta de estacionamento. Acho que o Mercado Municipal, com toda a sua atração, com todo aquele comércio que tem a sua volta, também precisa de uma garagem. O Ibirapuera, por uma questão de qualidade de vida, também. Precisamos acabar com os preconceitos e construir...

Giobbi: Algum desses lugares já estão em licitação, não é?
Helio: Sim, há área que já estão em licitação. Mas, dificilmente haverá licitante para todas as áreas. Seria preciso criar um processo de maior incentivo para que a iniciativa privada se interessasse em entrar nesses processos de licitação.

Giobbi: Bom, eu espero que alguém pense nisso!
Helio: Também espero.

Giobbi: Obrigado e parabéns por essa garagem especialmente.
Helio: Muito obrigado.

 


 

 

Categoria: Mercado


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