Na publicação, busca interessados em doar os bens, destaca a Folha.
A pior situação, avalia a pasta, é da própria CET, que precisa, por exemplo, de 3.179 cadeiras e de 17 televisões, de 22 a 50 polegadas, "especialmente para os setores de monitoramento do trânsito".
"O grande número se justifica pela precariedade em que se encontra o mobiliário", justifica a secretaria.
A situação ocorre em um momento de arrecadação recorde com as multas de trânsito na cidade de São Paulo.
O crescimento da receita foi de 66% entre 2009 a 2012, atingindo R$ 819 milhões.
O Código de Trânsito Brasileiro diz que os recursos arrecadados com as multas não podem ser desviados para outras áreas, devendo ser aplicados em trânsito - sendo 5% para um fundo nacional.
Computadores
Além de doações para a CET, a secretaria pediu bens para a própria pasta e para a SPTrans (empresa responsável pelo transporte coletivo).
Entre os pedidos para a companhia de trânsito também estão 756 computadores e 96 notebooks, para "modernização dos computadores que se encontram obsoletos".
Secretário diz que vai comprar o essencial
O secretário dos Transportes, Jilmar Tatto, diz que encontrou a CET sucateada, que tem restrições orçamentárias para compras e que a gestão tem outras prioridades de investimento, como a reforma da rede de semáforos.
"Mas não é que vou ficar esperando doação, aquilo que precisar vamos comprar."
Ele diz ainda que a falta de materiais não prejudica o monitoramento do trânsito porque não faltam TVs, por exemplo, o problema é que a tecnologia das existentes é defasada e menos precisa.
A gestão Gilberto Kassab diz ter investido na recuperação da infraestrutura da CET e que reformou a frota de veículos, o que diminuiu a demora no atendimento.
"Além disso, a gestão aumentou as equipes de manutenção e investiu em equipamentos mais eficientes na modernização das Centrais de Tráfego em Área."
Dinheiro de multas de trânsito é uma ilusão contábil
É um marco da primeira década do século 21 a explosão da arrecadação municipal, estadual e federal com multas de trânsito.
A arrecadação em 2012 (R$ 174,4 milhões no Rio e R$ 819 milhões em São Paulo) é um indicador inquestionável de que nossos gestores investem na tecnologia de fiscalização.
Há quem diga que tudo não passa de uma "indústria da multa", mas a verdade é que somos pouquíssimo fiscalizados no trânsito.
Tão pouco fiscalizados, de fato, que a Prefeitura de São Paulo prevê um acréscimo de R$ 93 milhões na arrecadação de multas em 2013, com a expansão da fiscalização.
O dinheiro não passa, porém, de uma (des)ilusão contábil: a arrecadação não é do órgão de trânsito, mas uma fonte da receita do município, do Estado ou da União.
Para o órgão de trânsito, não costuma retornar nem metade do dinheiro.
Fonte: Folha de S. Paulo, 11 de abril de 2013