Aos 83 anos, o aposentado Hélio da Cunha viaja empoleirado, sem proteção e sem preocupação: "Se não bater em nada não tem perigo nenhum", afirma.
Passageiro acostumado sabe que a freada chega de repente: "O motorista brecou muito rápido e o pessoal que tava lá em cima caiu, teve uma mulher que machucou o braço, foi parar lá embaixo", conta um passageiro.
Por falta de opção, o cantinho na frente do ônibus acaba sendo um dos lugares preferidos, porque é mais fácil chegar. O problema é que as pessoas ficam a uma mínima distância do vidro e, qualquer freada, não tem nada protegendo.
"Eu não posso impedir elas de ficar aqui, vou arrumar confusão se for falar", conta o motorista.
Tem sempre alguém na "primeira classe do perigo". Os 15 mil ônibus de São Paulo são menos de 1% do total de veículos que roda pela cidade, só que aparecem em 12% dos acidentes com mortes.
"A velocidade teria que ser menor, respeitando uma distância e freando devagar até parar totalmente", afirma a especialista Patrícia Gejer.
A experiência do cobrador mostra que ônibus lotado até ajuda alguns passageiros: "Quando vai cheio assim a pessoa não cai, um segura no outro. Quando está cheio é mais seguro", brinca o cobrador Johnny Bezerra.
Fonte: Jornal Nacional (Rede Globo), 28 de outubro de 2011