Parking News

Diferentemente de localização, metragem e outros quesitos que são motivo de pesquisa e discussão no momento de comprar ou alugar um imóvel, vagas na garagem não costumam receber tanta reflexão. Não porque não sejam importantes, mas porque ter um espaço para guardar o carro, há muito tempo, tornou-se item básico de sobrevivência para a maioria dos paulistanos. Uma pesquisa da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) atesta o efeito da cultura do automóvel na cidade e seu impacto no setor imobiliário.
No anos 1930, a área destinada a garagens era próxima de zero em relação à área total construída. A partir dos anos 1990, as vagas passaram a ocupar 25% da área total, índice que se mantém até hoje.
"Como as pessoas dependem do carro, a maior parte dos lançamentos residenciais tem garagem. Se, na mesma região, um imóvel tem garagem e outro não, pode ter certeza de que o primeiro será procurado e vendido muito mais rapidamente", afirma Claudio Tavares de Alencar, professor do núcleo de Real Estate da Poli.
Ao se casar, o advogado Fernando Zito comprou um apartamento de dois dormitórios com uma vaga e foi surpreendido por uma proposta da construtora, que lhe ofereceu espaço para mais um carro, caso ele aceitasse pagar mais por isso.
"Precisávamos de um lugar para o carro da minha mulher", lembra o advogado, que desembolsou cerca de R$ 15 mil pela vaga extra.
Vaga extra custa de R$ 15 mil a R$ 60 mil
Com base em dados de órgãos como a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio) sobre o mercado imobiliário desde 1920, a Poli-USP comandou uma pesquisa que mostra a evolução do espaço reservado a automóveis nos edifícios da cidade de São Paulo.
A pesquisa mostra que o número de edifícios sem vagas para carros em São Paulo é muito pequeno. Em 2010, por exemplo, foram lançados 1.374 empreendimentos sem garagem, o que representou 3,7% do total de lançamentos daquele ano.
Mesmo sendo maior, a oferta de edifícios com garagem não supre a frota da cidade, fazendo com que o custo de ser dono de uma vaga seja cada vez mais alto.
Alternativas
Para quem não pode escolher quantas vagas virão no pacote do imóvel (e não está disposto a encarar o sistema público de transporte), restam, em geral, três alternativas: a compra de uma vaga extra, o aluguel do espaço de um vizinho ou a mensalidade em um estacionamento.
Corretores e especialistas ouvidos pela Folha estimam que uma vaga extra custe entre R$ 15 mil e R$ 60 mil. "A compra pode ser um bom investimento para valorizar o imóvel, especialmente em bairros onde a oferta de vagas é reduzida", diz Gilberto Yogui, diretor-tesoureiro do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis).
Segundo Yogui, a operação só é possível caso o espaço tenha escritura própria - o IPTU também é pago à parte. De acordo com ele, os trâmites da compra de uma garagem são idênticos aos da de um imóvel, tendo de ser registrada em cartório pelas partes, e a garagem, transferida ao novo dono.
Investimento
"Quem compra uma vaga adicional é aquela família que cresceu e mora há muito tempo em um imóvel de um bairro valorizado, como Cerqueira César, Jardins, Perdizes e Higienópolis", diz Roseli Hernandes, diretora comercial da Lello Imóveis, acrescentando que, nesses locais, o valor fica entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.
Na zona leste, a vaga custa a partir de R$ 15 mil, segundo Douglas Vanuchi, coordenador de vendas da Pedro de Lima Imóveis. "No Tatuapé, pode chegar a R$ 30 mil", diz, citando como exemplo de compradores famílias que possuem dois veículos e adquirem o terceiro para o filho que completou 18 anos.
Tamanho família
No Projeto Viver, condomínio localizado no bairro do Belém (zona leste), há 1.792 vagas, das quais 80 são locadas entre moradores, segundo a administração.
Tudo é controlado por meio de adesivos eletrônicos que, pregados nos veículos, registram entrada e saída e identificam o carro e à qual unidade ele pertence.
A família do analista de sistemas Antônio Manzieri usa três vagas no condomínio, uma própria e duas locadas. "O gasto é pesado, mas vivendo e guardando o carro dentro de um condomínio estamos mais seguros", analisa.
Se a compra de um espaço adicional pesa no bolso e a negociação no condomínio não deu certo, restam os estacionamentos.
Mas a opção pode ser desanimadora: São Paulo tem a terceira maior mensalidade do país, no valor médio de R$ 450, segundo pesquisa divulgada pela Abrapark (Associação Brasileira de Estacionamentos).
Projeto de lei visa proibir venda ou aluguel para terceiros
Um projeto de lei visa proibir a venda ou o aluguel de vagas para quem não residir no prédio onde está a garagem. O projeto, aprovado pela Câmara dos Deputados, poderá ser sancionado pela Presidência da República até dia 4, de acordo com informações da Casa Civil.
"Não se pode pôr em risco a segurança somente para vender uma garagem valorizada", justifica Hubert Gebara, vice-presidente de administração imobiliária e condomínios do Secovi-SP (sindicato da habitação).
O texto traz uma exceção: caso o condomínio aprove, as vagas poderão ser alugadas para terceiros.
Fonte: Folha de S. Paulo, 1 de abril de 2012

Categoria: Geral


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