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Na Europa, os veículos híbridos e elétricos são vistos como solução ideal - e talvez única - de modelos sustentáveis para o futuro. Já no Brasil o carro movido a eletricidade divide opiniões. O próprio governo brasileiro suspendeu recentemente um pacote de incentivos aos carros elétricos. Há o temor (velado, talvez) de que os modelos movidos por baterias possam prejudicar a comercialização e a competitividade do etanol brasileiro. O fato é que o país desenvolveu uma tecnologia alternativa aos combustíveis fósseis que tem funcionado bem. E, como o Brasil não é um desenvolvedor de tecnologia elétrica, e sim um comprador, parece não fazer muito sentido, ao menos por enquanto, investir em outra solução que não seja o etanol e o biodiesel.
A importância dos veículos elétricos a longo prazo é inquestionável, ressalta a Auto Press. Tecnologias alternativas aos carros movidos por derivados do petróleo são necessárias para frear a poluição e acabar com a dependência de recursos esgotáveis. Nesta "batalha", as montadoras investem nos veículos elétricos e apostam nas variantes híbridas como forma de "transição".
A PSA Peugeot Citroën, por exemplo, acredita que 4,5% dos automóveis vendidos nos principais mercados da Europa em 2020 serão movidos a eletricidade. "Hoje existe um contexto positivo para os elétricos: busca pela redução de emissões, alta do preço do petróleo, novas tecnologias de baterias e demandas dos consumidores no que diz respeito à mobilidade", afirma Ayoul Grouvel, diretor-responsável mundial de veículos elétricos da PSA. Mesmo em desenvolvimento, a tecnologia elétrica encontra uma série natural de obstáculos, principalmente em mercados emergentes como o brasileiro. O maior deles é o preço elevado dos elétricos.
"De um modo geral, os elétricos têm um custo inicial alto pela bateria, tecnologia envolvida e mecânica complicada", diz Pietro Erber, diretor-presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). Mesmo os modelos híbridos custam mais que a variante movida a combustão. Exemplo do Porsche Cayenne S e sua versão S Hybrid, que custam, respectivamente, 72.686 euros e 78.636 euros na Europa - uma diferença de 5.950 euros (cerca de R$ 13 mil).
Onde estão os híbridos?
Apesar de veículos 100% elétricos ainda não serem uma alternativa viável para o mercado brasileiro, a variante híbrida começa a ser uma realidade por aqui, assim como em grande parte do mundo. O primeiro automóvel equipado com esta tecnologia a ser vendido no Brasil é o Mercedes-Benz S 400 Hybrid, em que o motor 3.6 V6 a gasolina trabalha em conjunto com um motor elétrico de 20 cavalos. Isso garante, segundo a montadora, um consumo médio de combustível de 12,66 km/l. O preço é elevado, como não poderia deixar de ser para um modelo Mercedes: o S400 Hybrid parte de R$ 444.963.
O Toyota Prius, o mais famoso e bem-sucedido híbrido do mundo, é outro que deve chegar às ruas brasileiras. O modelo, equipado com motor 1.8 a gasolina de 98 cv e com um propulsor elétrico de 80 cv, já está sendo fabricado no México, país que tem acordo alfandegário com o Brasil, o que aproxima o modelo do mercado brasileiro. Por aqui o Prius deve custar entre R$ 70 mil e R$ 80 mil, disputando mercado com versões top de sedãs médios.
O Salão do Automóvel de São Paulo, que acontece em outubro, mostrará outros modelos que podem vir a ser comercializados no Brasil. Estão cotados para vir, entre outros, carros como BMW ActiveHybrid 7, Porsche Cayenne Hybrid, Nissan Leaf, Peugeot 3008 e BB1, entre outros.
Os híbridos tendem a estar cada vez mais presentes nas ruas de todo o mundo. Hoje esta tecnologia está sendo desenvolvida até mesmo por marcas premium e esportivas como Jaguar (XJ híbrido, previsto para 2013 ou 2014), BMW (Séries 3 e 5) e Ferrari (599 GTO, em 2012 ou 2013).
Com alto custo inicial e valores operacionais mais baixos, uma solução para os híbridos seria atuar em um segmento como o de transportes urbanos.
Energia tem preço
Outro problema é o custo da energia. No Brasil, o preço varia de acordo com a distribuidora encarregada de retransmiti-la. Em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, o preço é de respectivos R$ 0,31 e R$ 0,29 por kWh, chega a custar R$ 0,42 por kWh na Usina Hidrelétrica Nova Palma, no Rio Grande do Sul. Em média, a energia no Brasil custa R$ 0,32 por kWh, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Já nos Estados Unidos, onde cada Estado determina o preço que será cobrado pela energia, o custo médio da energia é de US$ 0,09 por kWh, o equivalente a R$ 0,15 - menos que a metade do que é cobrado por aqui.
Ainda que o carro 100% elétrico seja pouco adequado à realidade brasileira, há por aqui algumas iniciativas nessa área. A Fiat projetou em 2006 o Palio Elétrico, criado em parceria com a Hidrelétrica de Itaipu. Ele era equipado com propulsor de 15 kW, gerava cerca de 20 cv e tinha autonomia de 120 km. Outro projeto foi o Palio Weekend Elétrico. Mesmo assim, os elétricos da Fiat estão longe de circular nas ruas brasileiras - graças, novamente, ao preço elevado. "Uma Palio Weekend parte de R$ 41.330. Já uma elétrica custaria ao redor de R$ 150 mil. Isso acontece por causa do custo da bateria e do motor, que são importados, e pelo fato de carros elétricos estarem na fatia de maior taxação de impostos no Brasil, que é igual à de veículos acima de 2.0", justifica Carlos Henrique Ferreira, consultor técnico da Fiat.
Estudos europeus ainda apontam que os modelos movidos a baterias têm seus preços depreciados muito rapidamente. Chegam a perder 90% de seu valor inicial em apenas cinco anos. O motivo seria o desgaste natural das baterias ao longo do tempo. Estima-se que o elétrico Nissan Leaf deverá custar menos de 4.000 euros em cinco anos, cerca de 10% do valor inicial atual do modelo. E até mesmo o Brasil já conta com uma opção de veículo 100% elétrico: o pequeno Reva-i, fabricado na Índia e importado pela ElecTrip. Equipado com motor de 13 kW, o compacto tem autonomia de 80 km e pode alcançar 80 km/h. Seu custo é de aproximadamente R$ 72 mil. Preço similar ao de um sedã médio completo, mas que, quem sabe, pode atrair consumidores atrás de uma "atitude ecológica".
Fique ligado
- Em sete Estados - Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe - os veículos movidos a motor elétrico são isentos do IPVA
- O Programa de Restrição à Circulação de Veículos Automotores na Região Metropolitana da Grande São Paulo, mais conhecido como rodízio de veículos, não se aplica a veículos elétricos
- Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul têm alíquota do IPVA diferenciada para elétricos
Fonte: Auto Press, 25 de junho de 2010

Categoria: Geral


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