Embora tenha sido apelidado de "ônibus de pernas abertas", a invenção da Huashi lembra, sob vários aspectos, um trem - sem exigir, no entanto, trilhos elevados ou a construção de túneis. O seu compartimento de passageiros tem a largura de duas pistas de automóveis e fica bem acima da superfície da estrada, graças a um par de "pernas" que lembram ripas de uma cerca, e que liberam a rodovia para que os carros comuns passem debaixo do veículo. Ele circula ao longo de uma rota fixa.
A invenção tamanho família da Huashi Future Parking - o veículo tem seis metros de largura - deverá ser movida a uma combinação de eletricidade da rede municipal e energia solar oriunda de painéis instalados nos tetos dos veículos e em pontos de ônibus.
Um projeto piloto para o veículo está em andamento em Pequim, e várias outras cidades chinesas manifestaram interesse pela invenção.
A companhia diz que o veículo - que se locomoverá a uma velocidade média de 40 km por hora - poderá reduzir os engarrafamentos de trânsito nas vias principais em 25% ou 30%.
Esse ônibus esquisito poderá transportar 40 vezes mais passageiros do que um ônibus convencional, tendo o potencial para economizar as 860 toneladas de combustível que 40 ônibus consomem anualmente, e para evitar a emissão de 2.640 toneladas de carbono, segundo Youzhou Song, o projetista do veículo. "Eu tive essa ideia quando fazia pesquisas para a execução de projetos de estacionamentos inovadores para bicicletas e carros", explicou na semana passada, em uma entrevista por telefone.
O projeto chama atenção para vários problemas que surgiram com o crescimento econômico explosivo da China. A população urbana do país vem se expandindo rapidamente nos últimos anos. Em um relatório do ano passado, a empresa de consultoria McKinsey calculou que uma quantidade adicional de 350 milhões de pessoas - o que é mais do que a população dos Estados Unidos - se mudará para as cidades chinesas em 2015. Mais de 220 cidades terão mais de um milhão de habitantes (a título de comparação, atualmente a Europa tem apenas 35 cidades que se encaixam nessa categoria).
Tudo isso tem resultado em uma grande necessidade de infraestrutura urbana, e a McKinsey calcula que 170 novos sistemas de trânsito de massa poderão ser construídos até 2025. Ao mesmo tempo, o aumento da afluência da população vem provocando um aumento explosivo do número de carros - e, consequentemente, dos engarrafamentos de trânsito.
A China é o maior poluidor mundial da atmosfera, e as autoridades em Pequim estão ansiosas para reduzir as emissões de carbono. As autoridades têm promovido tecnologias de energia alternativa, como a energia solar, e meios de transporte mais econômicos.
A invenção da Huashi parece ter recebido a aprovação preliminar de Pequim. O distrito de Mentougou, na capital chinesa, está testando essa tecnologia e pretende começar a construir 9 km de rotas para o novo veículo no final deste ano. Se o teste for bem sucedido, 186 km de novas rotas deverão ser construídos.
Fonte: Herald Tribune, 18 de agosto de 2010