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É crescente a exigência do consumidor de comprar apenas imóveis com várias vagas de garagem, e, na contramão dessa tendência, apartamentos sem garagem são uma commodity rara. No entanto, sua ocupação é alta. O fenômeno explica-se, em parte, por representarem uma parcela mínima do total na cidade, cerca de 2% a 3% dos imóveis. "As pessoas preferem abrir mão de parte do tamanho de um apartamento para ganhar mais vagas", diz a dona de imobiliária Dagmar de Andrade, que atua nos bairros de Campo Belo, Moema, Brooklin e Vila Nova Conceição. Segundo a corretora afirmou a O Estado de S. Paulo, esses imóveis são mais frequentes em bairros antigos, como Paraíso, Higienópolis e Jardins. Dagmar estima que 5% dos imóveis nesses bairros não tenham garagem, além de 15% em Higienópolis.
A gerente de locação e vendas de outra imobiliária Roseli Hernandes conta um pouco da história desses imóveis. Até meados da década de 1990, não era comum uma família ter mais de mais um automóvel, e assim a demanda vaga/imóvel era bem suprida. "Em um passado recente, carro era luxo. Hoje, com as mulheres cada vez mais presentes no mercado de trabalho, o número de carros por família saltou para dois ou três", diz. O aumento da frota de automóveis tornou os apartamentos sem garagem mais em conta em relação ao mesmo tipo de imóvel com uma vaga, já que a procura é superior por imóveis com garagem.
Roseli exemplifica com dois apartamentos na Rua Cardoso de Almeida, em Perdizes, um sem e o outro com vaga. O primeiro, de um dormitório e com 60 m2 de área útil, tem uma locação de R$ 900,00, ou R$ 15,00 o m2. Já o segundo, na mesma rua e de área parecida, mas com uma vaga, tem um valor de locação de R$ 1.350,00, ou R$ 18,00 o m2. Além de serem mais baratos, imóveis sem garagem e com boa localização apresentam outra vantagem: as dependências são geralmente amplas, mesmo quando o apartamento tem um ou dois dormitórios. "Era uma característica dos imóveis mais antigos, o pé direito é alto, o que deixa o local confortável", diz a gerente. Estudantes vindos de outras cidades e senhoras de idade são o público mais comum desse tipo de imóvel. "E, como são bem localizados, próximos de supermercados e outros serviços, sempre vão ter demanda."
Comércio de vagas
A carência de vagas na cidade criou também um pequeno, mas ativo, mercado. Dentro de um mesmo edifício, é possível um morador adquirir uma vaga de garagem de outro morador. "Mas essa transação só pode ocorrer se a vaga em questão tiver escritura independente da escritura do imóvel", diz Dagmar. O acréscimo de uma vaga ao imóvel resulta na valorização do mesmo. "A vaga acresce em 10% a 15% o valor da residência", avalia Dagmar.
Os preços de garagens são para poucos. "Uma vaga de garagem é determinante no valor do imóvel", define Dagmar, que diz que, em 2007, fez a intermediação de uma vaga por R$ 25 mil. O valor parece irrisório se comparado com a cotação atual das vagas em Higienópolis, onde há prédios que têm vagas de R$ 150 mil.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 7 de fevereiro de 2010

Categoria: Cidade


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