O jornal Estado de S. Paulo explica que o Ministério da Saúde considera excesso de bebida alcoólica cinco ou mais doses na mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres. O levantamento mostra que as situações de descontrole na hora de beber são mais frequentes na população masculina. No ano passado, 28,8% dos homens e 10,4% das mulheres beberam demais.
"Esse nível de consumo de bebida é bastante elevado e preocupante, pois é fator de risco para acidentes de trânsito, violência e doenças. Mas nem sempre isso é lembrado, porque o álcool está presente na cultura brasileira, associado ao lazer e à celebração", afirma a coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não-Transmissíveis do Ministério da Saúde, Deborah Malta. Ela ressalta que, considerando apenas a população masculina, o índice do Brasil (28,8%) é superior ao do Chile (17%), dos Estados Unidos (15,7%) e da Argentina (14%).
De acordo com a Vigitel 2009, o consumo abusivo de bebida alcoólica é mais frequente entre os jovens de 18 a 24 anos (23%). À medida que a idade avança, o número de exageros diminui. De 45 a 54 anos e de 55 a 64 anos, 17% e 10,5% da população relata que bebeu em excesso, respectivamente.
Combate
Para frear o consumo de álcool, o Ministério da Saúde apoia medidas mais restritivas, como a proibição da propaganda de cervejas e a elevação no preço das bebidas. Essas ações foram incluídas na estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciada em maio, na Suíça. A OMS informa que abusos no consumo de bebida alcoólica matam por ano 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo.
A "Lei Seca", que desde 2008 aumentou a intolerância entre álcool e direção no País, reduziu em 6,2% as mortes provocadas por acidentes de trânsito em um período de 12 meses. Esse índice representa 2.302 mortes a menos no Brasil, reduzindo de 37.161 para 34.859 o total de óbitos causados no trânsito.
Sobre a Vigitel
A pesquisa é realizada anualmente desde 2006 pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).
Fonte: O Estado de S. Paulo, 21 de junho de 2010