No século passado, quando a preocupação com a poluição do ar ainda patinava, eles eram mais presentes do que são hoje.
"Entre 1985 e 1986, por causa do corredor Santo Amaro, chegamos a ter 450 trólebus em São Paulo. Hoje, rodando, são 190. Eles estão renegados", disse Jorge Moraes, presidente da ONG Respira São Paulo e projetista de redes eletrificadas aéreas, à Folha de S. Paulo.
Avenida Paes de Barros e ruas da Aclimação, do Ipiranga e do Pacaembu ainda são frequentadas pelos ônibus elétricos.
Para Moraes, entretanto, existem outros corredores onde os mesmos carros poderiam circular. "É o caso da Celso Garcia e do corredor Casa Verde-Centro", diz.
Para o ambientalista, nem mesmo o custo mais alto do trólebus, devido à manutenção das redes elétricas, desaconselha a sua utilização. "O custo ambiental não costuma ser colocado nos cálculos, o que é um erro. A poluição do ar causa um impacto grande no sistema de saúde", afirma Moraes.
Híbridos
Apesar de o ônibus elétrico não emitir poluentes como o diesel, a energia elétrica, para a sua geração, chega a poluir o ar. Ela não pode ser considerada 100% limpa.
Outra crítica comumente usada contra os ônibus elétricos, a de que eles consomem muita energia, também é relativizada por Moraes.
Pelos cálculos do pesquisador, se a cidade de São Paulo tivesse rodando mil trólebus nos dias de hoje, isso representaria 0,44% de todo o volume de energia ofertada pela Eletropaulo.
O subsídio na tarifa da tração elétrica era de 80% em 1978 e foi, gradativamente, sendo eliminado até 1987, segundo Moraes. "Hoje, ela é sobretaxada em até 39%."
Fonte: Folha de S. Paulo, 20 de junho de 2010