A opção pelo estacionamento pode ser explicada pelo valor cobrado para parar nas áreas restritas definidas pela Prefeitura. Além de não ter qualquer segurança e do incômodo de ser obrigado a trocar o cartão a cada hora, 59% dos motoristas acham a Zona Azul cara. Para 19% dos entrevistados, o valor (R$ 3 por uma hora) é adequado e somente para 4% é barato. Além do preço, 48 % dos paulistanos acham difícil encontrar um ponto de venda do cartão da Zona Azul. São Paulo tem hoje 36.126 vagas de estacionamento rotativo, sendo 1.152 destinadas a caminhões, 784 para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida e 1.784 para idosos. Elas estão repartidas assim: Zona Oeste (31%,), Centro (30%), Zona Sul (27%), Zona Leste (10%) e Zona Norte (2%,). Entre os que param em ruas onde há flanelinhas, 87% dizem que não costumam "entregar o carro aos cuidados" dessas pessoas. Outros 8% disseram que pagam porque "não têm como evitar" e 3 %, porque acham que "eles ajudam" a guardar o carro. Apesar de a maioria dispensar os guardadores ilegais, 56% dos motoristas admitem que nunca se recusaram a dar dinheiro para esse "profissional" e 39% responderam que pelo menos uma vez não pagaram. Entre os que desafiaram os flanelinhas, 59% disseram que nada foi feito contra o carro. Outros 15% tiveram o veículo danificado, 8 % foram ofendidos e ameaçados e 13% responderam que a pessoa ficou com raiva ou insatisfeita, mas não cometeu agressão física ou verbal.
As mulheres (74%) são maioria entre os que escolhem um local privado para estacionar. Em sua maioria elas têm entre 25 e 44 anos (71%), fizeram entre a 5ª e 8ª séries do ensino fundamental (72%) e ganham mais de dez salários mínimos (73%). Já dos que param na rua, 20% são homens, têm entre 16 e 44 anos (38%) e têm o ensino médio (19%).
Flanelinhas deveriam ser organizados, diz pesquisa
Mesmo ilegal, o trabalho dos flanelinhas deveria ser estimulado e organizado para melhorar essa atividade. Essa é a opinião de 48% dos entrevistados pela pesquisa Diário/Ipespe sobre a atuação dos guardadores de carro. Outros 35% defendem que o poder público, através da polícia, reprima essa prática porque "os flanelinhas formam uma máfia". Para 8% deveria ser proibido porque "embora eles estejam tentando sobreviver incomodam muito". Somente 6% acham que a situação deveria, na prática, continuar como está, ou seja, "ignorar a presença dos flanelinhas e deixar eles ganharem a vida como podem".
A Polícia Militar insiste que reprime essa prática, apesar de ela ser constante em todos os pontos de aglomeração de automóveis. Sobre os flanelinhas que trabalham todos os dias em determinadas ruas, como se fossem donos do local, 87% dos motoristas disseram que não costumam "entregar o carro aos cuidados" dessas pessoas. É comum em alguns lugares que eles fiquem até com a chave do veículo em troca de um pagamento semanal ou mensal. Segundo o Ipespe, 3% disseram que pagam a esses flanelinhas por entender que eles ajudam e 8% porque não têm como evitar, já que, caso contrário, eles danificam o carro. Para 37% dos paulistanos, os "flanelinhas trabalham livremente e sem fiscalização" porque "há corrupção e troca de favores com policiais e funcionários da Prefeitura". Vinte e três por cento acusam as autoridades de ser omissas e o mesmo percentual acredita que "é muito difícil fiscalizar os flanelinhas". Somente 7% responderam a opção "a população os apoia".
Fonte: Diário de São Paulo, 13 de novembro de 2011