Em 2007, os compradores do primeiro zero respondiam por 10,5% das vendas, participação que subiu para 15% no ano seguinte e chegou aos 18% entre janeiro e junho de 2009. Nesse período, estava em vigor o corte integral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Os dados constam de pesquisa semestral feita em conjunto pelas montadoras. Em breve, sairá o índice do ano passado completo. Além da alíquota do IPI, que começou a voltar gradativamente em outubro, o crédito com juros baixos e prazos longos trouxe para o mercado consumidor da nova classe média, também incentivada pela melhora da renda e da economia como um todo. Muitos desses clientes compravam carros usados ou não tinham veículos.
Novos produtos
Atentas a esse movimento, algumas montadoras já direcionam produtos, planos de financiamento e ações de marketing ao novo público do mercado de veículos novos. A General Motors elegeu o Classic, sedã pequeno que custa R$ 28 mil, como modelo a ser direcionado para as "classes emergentes C e D", conforme define Rodrigo Rumi, gerente regional de marketing.
Embora o Celta seja mais barato (a partir de R$ 26,7 mil), o Classic foi apontado em pesquisas como mais adequado para essa faixa de consumidores - muitos deles famílias que precisam de um automóvel maior. Além de campanha publicitária da nova versão, a GM criou plano especial de financiamento com prestação decrescente.
"Percebemos, também em pesquisas, que esse público se preocupa muito com dívidas, por isso criamos um plano em que as prestações vão diminuindo", diz Rumi.
Das vendas totais da Fiat no ano passado, 46% foram de Mille e Palio 1.0, os mais baratos da marca. Essa faixa de produto registrou aumento de 12,4% nas vendas em relação a 2008. Já a de sedãs pequenos, representada pela linha Siena, cresceu 21,8%.
Segundo um porta-voz da Fiat, o desempenho melhorou quando a empresa lançou uma versão 1.0 intermediária entre a mais barata (R$ 29,4 mil) e aquela com motor 1.4 (R$ 39,6 mil). A nova classe emergente, diz o executivo da Fiat, não busca só o mais barato, mas quer um carro que traga sensação de ascensão.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 29 de maio de 2010