Outros 23,3% demoram mais de 30 minutos até uma hora, enquanto 9,62% fazem o percurso entre uma e duas horas, e apenas 1,78% chegam ao trabalho com mais de duas horas. De todos os municípios brasileiros, a cidade de Japeri, na Baixada Fluminense, é a que apresenta situação mais crítica.
De acordo com os microdados disponibilizados pelo IBGE, aproximadamente 21% dos moradores de Japeri precisam de mais de duas horas para ir e voltar do trabalho. A maioria se desloca para a capital e utiliza o serviço ferroviário, o que gera superlotação diária nos trens que partem da Central do Brasil para o município.
Outras cidades da Baixada Fluminense enfrentam o mesmo problema. Queimados, por exemplo, é a terceira em todo o território nacional onde os moradores levam mais de uma hora para se deslocar até o emprego. Já Nova Iguaçu - cujos moradores também optam majoritariamente pelo serviço ferroviário prestado pela concessionária Supervia - vem logo em seguida.
Motivos
Segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, o sofrimento diário dos trabalhadores cariocas e fluminenses está relacionado principalmente à densidade da região metropolitana do Estado. "O Rio de Janeiro é uma categoria à parte. (...) Os resultados mostram que, principalmente no Rio, ocorreu um grande processo de metropolização, e isso naturalmente acaba gerando esse fenômeno relacionado às dificuldades para ir e voltar do trabalho. No Rio, cerca de 75% da população mora na região metropolitana (a maior do país), 25% a mais em comparação com São Paulo", explicou Bivar.
"Mas é claro que a situação também depende de outros fatores como a infraestrutura de transportes, as características geográficas e a distribuição dos polos de produção. No Rio, as pessoas moram em São Gonçalo, Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, entre outros, mas trabalham na capital", completou.
Outros Estados
Já em São Paulo, o segundo no ranking dos Estados, aproximadamente 16,8% da população enfrenta viagens de mais de uma hora para ir e retornar do serviço. Brasília, por sua vez, com o mesmo índice, ocupa a terceira colocação.
"Em alguns municípios de São Paulo, a exemplo da região do ABC, os deslocamentos não são tão elevados, pois boa parte da população está ocupada (empregada) nessas cidades. Há uma disparidade muito grande se compararmos com a realidade do Rio", disse a presidente do IBGE.
Por região
Ao analisar as regiões, os dados indicam que no Sudeste é o local no qual o percentual de pessoas que demoraram mais de duras horas é maior, com 2,65%. Outros 13,02% levavam mais de uma hora até duas horas, 26,83% mais de meia hora até uma hora. Enquanto 47,64% de seis minutos a meia hora e 9,86% até cinco minutos.
No Nordeste, os indicadores são 15,40% para até cinco minutos, 55,05% de seis minutos até meia hora, 21,22% mais de meia hora até uma hora, 7,12% mais de uma hora até duas horas e 1,20% mais de duas horas.
Na região Sul, a maioria (59,23%) demora de seis minutos a meia hora, 18,84% de 30 minutos até uma hora, 16,12% até cinco minutos, 5,23% mais de uma hora até duas horas e 0,58% mais de duas horas.
Já no Norte, 55,17% levavam entre seis e 30 minutos, 19,57% mais de meia hora até 60 minutos, 19,96% até cinco minutos, 6,7% mais de uma hora até duas horas e 1,60% mais de duas horas.
Censo 2010
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto e 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram revelados em abril de 2011. Ao longo de 2012, serão produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos.
Fonte: UOL, 27 de abril de 2012