Para se ter ideia da penetração desses veículos de duas rodas, no Nordeste há tantos lares com motos na garagem quanto com máquinas de lavar roupa no banheiro ou na área de serviço.
Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), entre julho de 2012 e julho de 2013, o número de motocicletas cresceu 12% tanto no Norte como no Nordeste. No Sudeste, esse aumento foi de 5%.
Esse boom é produto da equação entre baixo desemprego, políticas de transferências de renda, boa oferta de crédito e transporte público de baixa qualidade.
"As políticas de inclusão por meio do consumo, em especial numa região de transporte público inexistente ou de baixa qualidade, facilitou o aumento do número de motos", afirma Luiz Artur Cané, presidente do Movimento Brasileiro de Motociclistas.
No Ceará, por exemplo, que concentra 1 milhão de motos, maior frota do Norte e do Nordeste, um trabalhador que utilize apenas duas conduções diárias tem gasto mensal de cerca de R$ 100.
Não é difícil imaginar a troca desse investimento por parcelas do mesmo valor para a aquisição de um modelo simples de moto que permita transporte individual ágil.
"Além de agricultores e vaqueiros, mulheres no interior cearense estão adquirindo e conduzindo motos", diz Igor Ponte, superintendente do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) cearense.
No Estado, 80 dos 184 municípios possuem mais motos do que automóveis.
MORTES
Acidentes envolvendo motos provocaram 4.041 mortes no Nordeste brasileiro (7 por 100 mil habitantes) em 2011, segundo Datasus.
O número representa um crescimento de 398% em relação ao ano de 2000. No mesmo período, as mortes no trânsito em geral aumentaram 130% na região (67% em todo o país).
Na região Norte, acidentes sobre duas rodas provocaram 6 mortes por 100 mil habitantes - no Sudeste, foram 4 por 100 mil habitantes.
Fonte: Folha de S. Paulo, 3 de outubro de 2013