A meta inicial do governo petista era implantar 150 km de faixas até o final da gestão, em 2016. Com as manifestações, os planos sofreram uma guinada e Haddad prometeu entregar 220 km até dezembro. O trabalho foi turbinado e ontem, com mais de dois meses de antecedência, a capital chegou a 224,6 km de faixas exclusivas e ainda faltam, segundo a diretoria de planejamento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), mais 70 para se completar a rede inicial.
?Para isso, foi necessário multiplicar por quatro as equipes envolvidas no processo?, contou Tadeu Leite Duarte, diretor de planejamento da CET, responsável pela implantação.
O trabalho começa com as equipes de contagem. Cerca de 40 pessoas participam dessa etapa, verificando nas ruas quais são as vias estruturais com maior dificuldade para o trânsito dos coletivos. ?Com o resultado desse trabalho de campo e com os dados que recebemos da SPTrans vamos estabelecendo as prioridades?, disse Duarte.
Cumprida a primeira etapa, a incrível fábrica de faixas passa para a fase de planejamento e projeto. Esses grupos, com cerca de 50 pessoas, produzem os projetos de cerca de 10 km de faixas por semana. Parte do serviço é feito no computador e parte no papel.
?Aqui é feito o detalhamento da sinalização, estudos para definir os melhores locais para colocação?, explicou o projetista Leandro Batista. ?Daqui sai a arte final do desenho que vai orientar os executores das faixas.?
Na etapa final, cinco equipes terceirizadas, com cerca de 15 pessoas cada uma, saem às ruas para a pintura e sinalização das faixas. O trabalho é feito nos finais de semana que antecedem a implantação. ?Trabalhamos das 22h até 5h manhã?, conta o engenheiro Marcelo Moreira, gerente de obras da Sinasc, uma das empresas contratadas para o serviço, que teve sua demanda dobrada neste ano. ?Fizemos a sinalização de 80 km de faixas em dois meses. Foram madrugadas frias, nas quais nos aquecíamos com o calor da caldeira usada para derreter o material usado na sinalização?, recorda.
Diário testa e aprova via de ônibus na Paulista
Na semana em que a Prefeitura anunciou que cumpriria a meta de implantação de 220 km de faixas exclusivas de ônibus na cidade, com mais de dois meses de antecedência do prazo final, o Diário testou uma delas, a da Avenida Paulista.
Considerada por especialistas como a mais complicada tecnicamente, por ter muitos cruzamentos e vias que atrapalham a fluidez dos ônibus, a faixa da Paulista mostrou-se eficaz mesmo assim e o ônibus ganhou: chegou mais rápido do que o carro e o pedestre.
O ponto de largada foi aquele localizado em frente ao Conjunto Nacional. De lá, no horário de pico da tarde de uma terça-feira, saíram três pessoas, uma de ônibus, outra num táxi e a terceira a pé.
Em 7 minutos o ônibus chegou ao ponto localizado em frente ao prédio da Gazeta. O táxi fez o mesmo percurso em 11 minutos, exatamente o mesmo tempo percorrido pelo pedestre. ?Fiquei travado nos faróis e na fila de carros, por isso demorei tanto?, explicou o motorista de táxi João Carlos Gregório.
O fotógrafo Hilton de Souza, que foi de ônibus, afirmou que só não chegou antes porque um carro que transportava valores invadiu a faixa exclusiva. ?O motorista do ônibus ainda teve alguma dificuldade para ultrapassar esse carro de valores?, contou. ?Depois, andou rápido.? O repórter percorreu o trecho a pé com uma parada em farol. Os outros estavam abertos.
Fonte: Diário de S. Paulo, 8 de outubro de 2013