São trechos que, ao longo de cinco anos, já foram listados pelo governo devido à alta incidência de casos como batidas ou atropelamentos.
A existência de um endereço onde acidentes e vítimas se acumulam, além de torná-los previsíveis, pode indicar falhas em sinalização, pavimento ou traçado das pistas.
"O acidente é resultado de uma conjugação de fatores. Se quebra um deles, quebra a cadeia. Jogar a culpa só nos mortos é livrar os órgãos de suas responsabilidades", avalia Sérgio Ejzenberg, mestre em engenharia pela USP.
Isso não isenta os motoristas - cuja imprudência interfere na maioria dos casos, dizem estudos e especialistas.
No entanto, expõe falhas nas rodovias que contribuem ou agravam os perigos.
De 144 acidentes fatais do Carnaval mapeados, 70 foram registrados num raio de 1 km de pontos já destacados pelo Dnit (órgão de transporte do governo Dilma, do PT) devido à repetição de ocorrências no mesmo lugar.
Em cinco anos e meio, eles já somaram, no mínimo, 3.917 acidentes, 1.441 com feridos, 127 com mortos.
"A anomalia é não tomar providências diante de um ponto que se sabe que é crítico", diz Adriano Murgel Branco, engenheiro e especialista em segurança viária.
Embora a concentração de veículos possa elevar a probabilidade de acidentes, quase dois terços dos pontos mapeados foram em trechos rurais, e não nos urbanos.
A Folha percorreu 1.500 km em MG e ES, em nove locais de risco das BRs 381, 262 e 101, muitos deles rotas turísticas em feriados. Os problemas seguiam um mês depois dos 14 mortos no Carnaval nesses mesmos lugares.
Entre os comuns, placas cobertas pelo mato até em curvas perigosas, pintura apagada na pista, buracos e falta de acostamento.
Nada que seja desconhecido do poder público. O próprio Dnit cita em seu site exemplos de "sinalização horizontal precária", "péssima" e asfalto em "péssimo estado de conservação" no ES e MA, em rodovias que tiveram mortes no Carnaval.
A imprudência de motoristas é agravada pela falta de controle da velocidade - lombadas eletrônicas foram desativadas em 2007.
Fonte: Folha de S. Paulo, 17 de abril de 2011