Parking News

Na maior cidade do país circulam sete milhões de veículos. É muito carro. Essa frota monstruosa faz o motorista paulistano ter um desafio diariamente, que é disputar uma das 900 mil vagas de estacionamento na cidade. O gasto com estacionamento é o terceiro item na lista de despesas dos motoristas no Brasil, segundo reportagem do Jornal Hoje. Parar o carro em dia de show é difícil e caro. Na rua tem guardador. "Quanto está para estacionar aí, amigão?", pergunta um motorista. "Quarenta, nego", responde o flanelinha.
Quem tem casa na região, aproveita. "Dá pra fazer 80", cobra um homem. "Garagem é 100 reais", pede outro. E estacionamento, então: "Centro e quarenta", informa o manobrista. O motorista se assusta com o valor e o manobrista confirma o valor.
Mas não é só em noite de show que é difícil estacionar. Quem trabalha em São Paulo sabe que todo dia tem que batalhar por espaço. E a briga começa cedo. Em 300 metros de avenida há um único trecho em que é permitido estacionar. Ainda há vagas, mas não são nem 6 horas da manhã. Logo, logo, elas estarão ocupadas.
O jardineiro Manoel da Silva é um dos primeiros a chegar. Ele entra às 8h no trabalho, mas madruga para conseguir parar. "Chego 6h45, 6h40, por aí assim. Tem dias em que eu chego às 6h45 e já não tem nenhuma vaga."
O supervisor de departamento pessoal também chega mais cedo todos os dias. "Fico esperando dar o horário lá na sala. Se for somar, em um mês dá quase um dia de trabalho", diz.
A professora, que começa a dar aulas às 7 da manhã, também chega adiantada. O tempo em que fica parada poderia ser usado para tanta coisa: "A casa, os cuidados, uma pessoa que está acamada, que eu deixei sozinha", diz a professora.
Estacionamento é caro. "Eu encosto o carro, em cinco minutos eu vou lá, entrego e volto. O cara me cobrou 15 reais", afirma um motorista.
Em um estacionamento aparentemente ainda há espaço para novos carros. Aparentemente, porque no local não havia mais vagas, estão todas preenchidas por mensalistas. "Você consegue ter espaço para algum carro em que situação?", pergunta a repórter a uma funcionária. "Quando eu sei que o mensalista vai viajar, então ele avisa um dia antes que no outro dia ele não vem", explica.
A situação está tão complicada para encontrar uma vaga que a própria vizinhança já sabe disso. A dona de uma casa resolveu até mesmo alugar a sua garagem. Em outra casa, a garagem virou estacionamento de motos e está lotada. A dona cobra R$ 50 por mês.
Na região da faculdade, até mensalista tem de esperar na fila. "É difícil, os estacionamentos cobram caro pra caramba, não tem vaga", conta um estudante.
Vaga no centro da cidade também é cobrada. Do lado de fora, fila. Dona Ana, uma motorista, esperou mais de meia hora para conseguir entrar. "Nós temos esses cartões da terceira e temos de ficar nessa fila aqui", reclama.
Às 8h20 da manhã, a reportagem percorreu todo um quarteirão e encontrou poucas vagas disponíveis. A repórter esperou para ver quanto tempo ela ficaria desocupada. Às 8h22, portanto, apenas dois minutos depois, uma motorista entrou na vaga. A repórter pergunta se foi difícil encontrar a vaga. "Foi, todo dia é assim nessa região", conta a motorista.
E as alternativas estão acabando. "Eu vinha de metrô, mas estava impossível. Aí comecei a vir de fretado, aí houve o corte do fretado, aí comecei a vir de carro. Não achava local, tinha de deixar no estacionamento, eram 40, 50 reais o dia inteiro, aí eu optei por sair mais cedo de casa", conta outro motorista.
Uma loucura, vaga virou artigo de luxo. Isso sem contar que quem para na rua também tem de pagar, porque os motoristas encontram ali os flanelinhas, principalmente nas ruas mais movimentadas, e aí eles querem 5, 10, 15 reais. Ou mais. Aí só há uma saída possível que é o transporte público de boa qualidade. Mas não chegamos nisso ainda.
Fonte: Jornal Hoje (TV Globo), 14 de abril de 2011

Categoria: Fique por Dentro


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