O ortopedista José Luis Zabeu confirma: a maneira de sentar no carro afeta as costas. "Quem fica horas na mesma posição acaba sentindo dores", aponta o médico.
Motorista há mais de 30 anos, José Ferreira de Queirós convive com as dores provocadas por vários problemas na coluna. "Eu fiz exame e tenho bico de papagaio. Todo dia eu sinto dor", conta.
O sofrimento poderia ser aliviado com uma solução bem simples. "Vamos pegar uma almofada e colocar na região que acompanha a parte debaixo da coluna, chamada lordose lombar. Todos nós temos. Se você tiver essa lordose flexível, mas na hora em que você senta você perder a lordose, na verdade ela é afundada para trás, e se você ficar assim durante alguns minutos ou horas fica tudo invertido lá dentro. Quer dizer, os músculos ficam tensos e os ligamentos também. Esta é uma causa importante de dor", explica o ortopedista José Luis Zabeu.
O especialista mostra a distância correta do banco. "A perna deve ser colocada de modo que fique totalmente encostada no banco", explica.
As mãos devem encaixar nos apoios do volante. Os braços ficam levemente flexionados. E atenção ao apoio da cabeça. "É importante regular o encosto de cabeça para que ele não fique pegando na nuca, e sim na parte superior mais pontuda da cabeça", completa o engenheiro mecânico Celso Arruda.
Outro inimigo da postura são as malas de mão. Muitas pessoas, quando entram no carro, têm o hábito de colocar a bolsa no banco de trás. Esse movimento de torção, somado ao peso da bagagem, pode provocar graves lesões. O alerta vale para qualquer outro tipo de objeto colocado no banco traseiro. "O corpo torceu inteiro e pode dar uma distensão no pescoço ou torcer no ombro", aponta o ortopedista.
Clipes que afrouxam o cinto de segurança são proibidos. Quem já está na terceira idade não pode usar o cinto de dois pontos, aquele que só passa pela barriga.
A simulação mostra o que ocorre com a coluna em caso de batida: o corpo dobra completamente, e a tensão do cinto se concentra na bacia, sempre mais frágil entre os idosos. Já com o cinto de três pontos, a coluna fica protegida. Acessórios como bolinhas de madeira não são indicados. Elas fazem o motorista escorregar no banco e, em caso de acidente, o motorista pode acabar estrangulado pelo cinto.
"Às vezes, esses acessórios ficam exatamente sobre um nervo ou uma estrutura que já tinha sofrido algum dano. Depois você tem uma dor e não sabe o motivo. É o hábito de muita gente usar, mas talvez a função seja mais psicológica do que objetiva", alerta o ortopedista.
Os médicos recomendam: quem for pegar a estrada e viajar de carro por longos períodos deve fazer uma parada a cada duas horas para se esticar, alongar os músculos e evitar dores.
Fonte: programa Bom Dia Brasil (TV Globo), 15 de dezembro de 2010