A Agência Estado divulgou que em 37,5% dos domicílios do País há registro da posse de automóvel. Já 16,2% registram a posse de motocicletas - porcentual que deve subir, segundo o Ipea, em razão do "aumento das vendas, principalmente para a população mais pobre, em função dos preços acessíveis das motocicletas de baixa cilindrada". O instituto mostra preocupação em relação a este movimento, pois alega que o crescimento da posse de motocicletas encontra correspondência no aumento das vítimas de trânsito. Segundo o próprio Ipea, nos acidentes com moto, a probabilidade de ocorrência de vítimas é cerca de três vezes maior, na comparação com os acidentes com automóvel.
Na faixa da extrema pobreza - renda de até um quarto do salário mínimo per capita (por pessoa) -, 17,7% das famílias possuem carro (5,2%), moto (11,4%) ou ambos (1,1%). A predominância do registro de motocicletas nessa faixa se dá pelo preço desse tipo de veículo, mais baixo. Já na linha de pobreza, que considera renda de até meio salário mínimo per capita, 24,6% das famílias têm veículos privados. "A tendência é de que nas faixas mais baixas de renda ocorram as maiores taxas de crescimento da posse de veículos privados, em função das demandas historicamente reprimidas, das políticas de aumento de renda da população mais pobre e da ampliação do crédito para essas famílias", diz o comunicado.
Estados
Santa Catarina lidera o ranking de lares com posse de veículo privado. No Estado, 70,5% das famílias possuem automóvel ou motocicleta. Na sequência aparecem Paraná (61,7%), Distrito Federal (59,7%), São Paulo (59,1%) e Rondônia (56,1%). Apesar de Rondônia figurar entre os cinco primeiros, os Estados das regiões Norte e Nordeste são os que apresentam os menores índices de motorização por domicílio. Alagoas é o Estado menos motorizado: apenas 26,3% dos lares registram posse de veículo privado.
Tempo de percurso
O comunicado do Ipea informa ainda que 68,4% das pessoas que responderam se deslocar de casa para o trabalho diretamente - sem parar em outros lugares -, independentemente da modalidade de transporte, gastam menos de 30 minutos para realizar o percurso. Outros 9,4% perdem mais de uma hora nesse trajeto. O estudo aponta que os moradores de cidades que pertencem a regiões metropolitanas gastam mais tempo nos deslocamentos que moradores de municípios não pertencentes a essas regiões: 50,9% dos que moram em cidades da região metropolitana gastam menos de 30 minutos, ante 77,6% dos que vivem em municípios que não pertencem à região metropolitana.
O Ipea informa, considerando as regiões metropolitanas brasileiras, que Porto Alegre possui o maior porcentual de trabalhadores que se deslocam diretamente para o trabalho com um tempo inferior a 30 minutos: 67,2%. O instituto sugere que isso ocorre devido à "configuração da metrópole, que apresenta melhor distribuição das atividades econômicas e, consequentemente, dos empregos, além dos atributos positivos do sistema de trânsito e transporte da região metropolitana". Na outra ponta do ranking estão São Paulo, onde 44,4% dos trabalhadores gastam menos de 30 minutos, e Rio de Janeiro (43,9%), "em função do tamanho dessas metrópoles e da maior complexidade dos seus sistemas de mobilidade urbana".
Por fim, o estudo mostra que os porcentuais mais elevados de trabalhadores com deslocamento de casa para o trabalho inferior a 30 minutos estão entre os que possuem automóvel ou motocicleta em seu domicílio. "Isso pode indicar que, mesmo com o aumento do tráfego urbano prejudicando o tempo de percurso de todos, as pessoas que não possuem veículo privado, e portanto dependem de transporte público, sofrem um impacto de tempo maior que o dos demais. Políticas de priorização do transporte público no tráfego urbano são importantes nesse caso para corrigir as iniquidades", conclui o Ipea.
Fonte: Agência Estado, 14 de dezembro de 2010