De acordo com a prefeitura, o número de estabelecimentos tem crescido na ordem de 7,5% ao ano desde 2004. Ainda assim, a expansão ocorre principalmente fora do anel central - em bairros ao redor, como Batel, São Francisco, Centro Cívico, Água Verde e Rebouças. A construção de estacionamentos no Centro foi limitada por um decreto do ano 2000. Além disso, as vagas do EstaR, sistema rotativo de estacionamento nas ruas, estão diminuindo para dar lugar à circulação de veículos.
O resultado da conjunção desses fatores é percebido no bolso do motorista: à medida que a oferta de vagas diminui, são pressionados para cima o preço para deixar o carro e o valor dos imóveis que servem como estacionamento. Há ao menos dois imóveis deste tipo à venda na região central. Um deles, na Marechal Floriano, com 2 mil m2 e capacidade para 70 carros, está custando R$ 1,7 milhão. Outro, próximo à praça Tiradentes, com capacidade para 50 carros, sai por R$ 1,2 milhão - ou R$ 330 mil somente para a exploração do ponto comercial. "O estacionamento tem 10 anos, é o único na quadra e atende entre 120 e 130 carros horistas ao dia. Dá para tirar em média R$ 10 mil limpos, sem fazer mais nada", garante o responsável por intermediar a venda dos empreendimentos.
Daniel Carneiro, que há seis anos administra um estacionamento com capacidade para 120 carros em frente ao Shopping Mueller, conta que tem recebido constantemente propostas para vender o ponto. "Já me ofereceram R$ 400 mil. Esta semana mesmo fui procurado por um empresário interessado, mas nem dei continuidade à conversa", lembra.
Atualmente, o EstaR, sistema de estacionamento rotativo nas ruas do Centro, oferece 6 mil vagas, de acordo com a Urbs, autarquia que administra o trânsito em Curitiba. Mas a tendência é de diminuição desse número, para privilegiar a circulação de veículos. "A frota cresce, mas o espaço urbano é limitado, por isso deve ser aproveitado da melhor forma possível. Em algumas situações, é prioritário dar fluidez ao tráfego", justifica a Urbs. Nos últimos anos, boa parte das vagas de ruas e avenidas foi removida. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado do Paraná (Sindepark-PR), Milton Senff, a medida pode criar um aumento na demanda e pressionar os preços das vagas na região central.
Apesar da falta de vagas que tende a pressionar os preços, os estacionamentos de Curitiba PR) ainda são os mais baratos dentre as três capitais da Região Sul, conforme a Gazeta do Povo. Os motoristas curitibanos pagam, em média, R$ 3,00 pela primeira hora de estacionamento e cerca de R$ 130,00 na mensalidade em horário comercial na região central da cidade.
Na capital gaúcha, a média é de R$ 4,50 a hora e R$ 150,00 por mês. Florianópolis tem o estacionamento mais caro da região: R$ 5,00 a hora e R$ 220,00 por mês. Mas, com a demanda aquecida, os preços em Curitiba devem subir. "Os preços praticados estão defasados e os custos são crescentes", afirma Senff. Segundo a entidade, o maior custo de um estacionamento está na mão-de-obra.
Fonte: Gazeta do Povo (Curitiba), 11 de agosto de 2008