Foram localizados 11 estacionamentos - no sentido centro, são nove próximos à rua Visconde do Rio Branco (a primeira paralela à avenida, na área central) e apenas dois do outro lado da Francisco Junqueira no sentido Campos Elíseos. Comerciantes reclamam porque, ao contrário de outras avenidas, na Francisco Junqueira há lojas antigas, com fachada rente à calçada, sem recuo para carros. A Casa da Borracha é um dos casos. "Para nós, não adianta fazer convênio com um estacionamento, porque fica longe e nossa mercadoria é pesada para o cliente carregar até o carro", disse o funcionário Antonio Luiz Monteschi.
Na Tapeçaria Dois Irmãos, o estacionamento lateral é pequeno. "Entendo que é para dar fluidez ao trânsito, mas não temos outro meio de o cliente vir à loja se não parar aqui", disse o dono, Reginaldo Lourenço. Ele diz que chegou a consultar uma loja de tintas vizinha, que tem uma grande área para carros, para que cedesse algumas vagas aos clientes da tapeçaria. A loja, porém, diz que já foi procurada por outros comerciantes e que não tem como dividir o espaço. Já galpões de mecânicas, que têm recuo para receber carros de clientes dentro do estabelecimento, aprovam a decisão da prefeitura.
O secretário da Casa Civil, Layr Luchesi, afirma que a proibição permitirá criar uma terceira faixa de rolamento na avenida - que recebe 9.000 veículos por faixa nos horários de pico.
Velocidade
Especialista em trânsito e transporte, o professor Coca Ferraz, da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, diz que a criação de mais uma via trará melhor fluidez ao trânsito. Ele alerta, porém, para o risco de aumento de acidentes. "Como o trânsito estará mais fluido, os carros poderão aumentar a velocidade."
Donos de estacionamentos já pensam até em fazer reforma
Se uns reclamam da falta de vagas em frente às lojas para atender os clientes com carro, outros comerciantes comemoram a proibição imposta pela prefeitura. Proprietários de estacionamentos privativos próximos à avenida estimam dobrar o movimento de clientes. Alguns até pensam em reformar seus espaços. A Car-Chic Estacionamento, na rua Mariana Junqueira, recebe por dia de 80 a 100 veículos. Com a proibição, o volume deve crescer 20%, prevê a proprietária Fátima Alvez Teixeira Batista. Em 11 estacionamentos privados localizados pela Folha, a maioria cobra R$ 3 a hora por carro estacionado - para moto, são R$ 2. Roberto Sitta, dono da SEE Estacionamento, na mesma rua, aposta em alta no movimento. "O pessoal não vai achar lugar lá e vai começar a subir (a rua)." Mauri de Paula Leão, da Paddock Estacionamento, na rua Visconde do Rio Branco, disse que já foi consultado por três lojistas interessados em convênio. Já pelo sentido Campos Elíseos, os clientes conseguem estacionar na rua com mais facilidade. A reportagem localizou apenas dois estacionamentos próximos. Isso não diminui, porém, a expectativa de Otacílio Silveira. Ele recebe 15 carros por dia e agora espera o dobro. "Penso até em fazer uma reforma", diz.
Lojistas tentam reverter decisão com assinaturas
Dia 20 de maio, chegou à prefeitura um documento com 162 assinaturas de comerciantes contra o veto de estacionar na Francisco Junqueira. Era uma tentativa de reverter a decisão do município - que manteve a data. Junto com o abaixo-assinado, a ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão) enviou um ofício pedindo que o veto só ocorra nos horários de pico. A ACI-RP pede que seja liberado o estacionamento das 10h às 16h30, incluindo carga e descarga de caminhões, e no período da noite - das 20h às 6h -, além de sábados, domingos e feriados.
Fonte: Folha de S. Paulo, 21 de maio de 2011