As zonas de retenção têm aproximadamente cinco metros de comprimento e ficam atrás da faixa de pedestres, no início da fila de espera nos semáforos. Assim que o sinal é aberto, os motociclistas saem antes dos demais veículos, evitando a disputa por espaço. A sinalização é feita por meio de pintura no solo. A equipe do Diário foi até a Avenida Piraporinha e constatou que os motoristas respeitam a área. No entanto, alguns condutores de motos se confundem e não utilizam o espaço.
Segundo a diretora do Departamento de Engenharia de Tráfego de São Bernardo, Fernanda Casagrande, a iniciativa foi inspirada na Operação Frente Segura, lançada em abril do ano passado na Capital pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e que, na sua visão, tem apresentado resultados positivos.
A Avenida Piraporinha foi escolhida para a realização dos testes em razão do alto número de motocicletas que circulam por lá diariamente: cerca de 2.000. "Quando os semáforos fechavam, havia fila nos corredores, o que também atrapalha o fluxo dos demais veículos", comenta Fernanda. A diretora estima que a medida seja capaz de reduzir a lentidão na via em aproximadamente 20%.
A Prefeitura pretende ampliar a criação das faixas de retenção até o fim do ano.
RESSALVA
O engenheiro Creso Peixoto, especialista em Transportes e professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) é favorável à aplicação de testes, mas teme que a criação de espaços específicos acirre os conflitos entre motociclistas e condutores de outros tipos de veículos. "Isso tende a criar mais dificuldade no relacionamento entre ambos. É preciso criar aproximação, e não afastamento", avalia.
Frota aumentou 216,3% em 10 anos
Em dez anos, o número de motos licenciadas nas sete cidades do Grande ABC cresceu três vezes mais do que a quantidade de automóveis. De maio de 2004 a maio de 2014, houve aumento de 216,4% no total de veículos sobre duas rodas. No mesmo período, foi registrado crescimento de 69,4% no volume de carros de passeio. Os dados são do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Atualmente, a cada quatro automóveis é vista uma motocicleta na região. Em números brutos, são 239 mil motos e 1,1 milhão de carros. Há dez anos, eram 75,5 mil e 664,4 mil, respectivamente.
Fonte: Diário do Grande ABC (Sto. André), 14 de julho de 2014