Parking News

Por Jorge Hori *

O "padrão FIFA" envolve uma contradição, em relação aos estacionamentos. Exige que os estádios tenham ampla área de estacionamentos, compatível com a sua capacidade nominal, mas que foi proibida de ser utilizada pelo público geral nos jogos da Copa. Por motivos de segurança e também para a utilização parcial pelas tendas.
Construídos ou reformados os estádios com essas áreas há um legado a ser avaliado.
As áreas de estacionamento só serão utilizadas pelo público presente aos jogos no estádio ou servirão ao público em geral?
As situações são diversas. Todos pretendem que os seus estádios sejam uma arena multiuso, mas nem todos têm viabilidade para tal.
Uma arena multiuso poderá receber outros eventos além de jogos de futebol, como shows musicais, megaeventos comemorativos e outros. Poderá abrigar um shopping center, com academias de ginástica, lojas, cinema e praças de alimentação que teriam um público mais constante. Poderia ser de uso comum para atender a uma demanda do entorno.
O caso com maior potencial é o estacionamento aberto do Estádio Nacional de Brasília, que tem potencial para atender a uma demanda reprimida de vagas na Capital Federal. Porém, como não foi implantada a linha de VLT que chegaria até o estádio, a área precisará de serviços de "transfer" para poder atender ao sistema "park and ride".
O de Belo Horizonte pode servir ao público oriundo do vetor norte, que chegaria de carro, estacionaria junto ao Mineirão e seguiria pelo BRT até o destino final. Mas, fora aqueles em que o destino estaria junto a uma estação de BRT, por que o motorista interromperia a sua viagem para uma transferência? O brasileiro não está acostumado, tampouco gosta dessas transferências.
Para o atendimento ao público em geral, o estádio, com a sua área de estacionamento, deve estar incrustado num polo urbano denso, com grande demanda de destino. Os que mais atendem a essa condição são os de Manaus, Salvador, Natal e o Maracanã. O de Curitiba está em área urbana, do centro expandido, mas predominantemente residencial.
O Beira Rio, em Porto Alegre, e a Arena Pantanal, em Cuiabá, têm um grande potencial de induzir a ocupação do entorno.
Itaquerão, em São Paulo, Castelão, em Fortaleza, e Arena Pernambuco, na Região Metropolitana do Recife, foram instalados na periferia da cidade, e dependem de projetos urbanos para se tornarem importantes polos de destino, com a geração de empregos. Durante muitos anos poderão carregar a imagem de "elefante branco" com os seus amplos estacionamentos utilizados apenas nos dias de jogo.
A Copa do Mundo deixa um legado positivo para os estacionamentos, porém, de aproveitamento em médio e longo prazos.


* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Fique por Dentro


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