Parking News

A cena repete-se várias de vezes ao longo da noite: dois investigadores à paisana, utilizando um carro "frio" (sem identificação da polícia), fingem procurar uma vaga nos arredores do estádio do Morumbi, zona oeste da capital paulista. Ao perceberem a aproximação do flanelinha, os policiais perguntam se há vaga livre. Mal o guardador de carros responde, eles anunciam sua prisão, por exercício ilegal da profissão.
Utilizando essa tática, policiais civis do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) já prenderam 287 flanelinhas em 15 partidas de futebol realizadas desde 6 de maio deste ano. Do total, 17 foram detidos só no dia 14, nos instantes que antecederam a vitória de 1 a 0 do São Paulo sobre o Coritiba, válida pela semifinal da Copa do Brasil.
No dia 14, atuaram seis equipes com dois ou três investigadores, além de delegados e escrivães - em clássicos ou jogos da Taça Libertadores da América, até dez equipes, num total de 40 policiais, chegam a ser escaladas. No Morumbi, cada grupo tinha como meta prender ao menos três flanelinhas. Segundo os policiais, a tarefa dessa vez foi mais difícil de cumprir do que em ações anteriores porque havia menos guardadores do que o normal e os que se aventuraram já estavam "escaldados".
Segundo o delegado Fernando Schmidt, coordenador da operação, há até pouco tempo os policiais do DPPC atuavam, sobretudo, no combate aos cambistas. As operações contra flanelinhas começaram a ocorrer de forma mais ostensiva após os policiais receberem queixas de motoristas.
Conforme as ações foram sendo realizadas, o número de flanelinhas no entorno dos estádios diminuiu. O preço cobrado por eles, também: "Nós pegamos grandes jogos, da Libertadores, quando chegava-se a pedir R$ 50, R$ 100. Hoje, os flanelinhas pedem R$ 5, R$ 10, porque estão vendo que não há mais facilidade na atuação deles", afirma Schmidt.
A intenção do DPPC é ampliar, em breve, as ações em outros eventos, como shows e festas. O próximo alvo serão os valets que atuam em bares, restaurantes e casas noturnas cometendo irregularidades, como estacionar o carro na rua. A partir de 1º de julho, os valets serão obrigados a entregar um ticket padronizado aos clientes.
Via de regra, os flanelinhas não oferecem resistência no momento do flagrante. A maioria sequer é algemada. Do local da abordagem, são levados a uma delegacia móvel do DPPC situada no portão principal do Morumbi. Lá, aguardam dentro de um camburão a hora de serem chamados para informar os dados aos policiais.
Os detidos são conduzidos ao DPPC, onde assinam um Termo Circunstanciado de Ocorrência - registro empregado em infrações de menor poder ofensivo - e comprometem-se a se apresentar em juízo. O termo é remetido a um Juizado de Pequenas Causas e constará da ficha de cada detido.
Flanelinha, profissão legalizada
Os flanelinhas são enquadrados por exercício ilegal da profissão (Artigo 47 da Lei das Contravenções Penais) e, se condenados, podem pegar de 15 dias a três meses de prisão ou pagarem multa. De todos os 287 detidos, nenhum foi enquadrado em crime de extorsão, que prevê prisão imediata, já que não houve denúncia de ameaças ou chantagem contra as vítimas.
"Não teve um caso de uma pessoa ter sido ameaçada. Temos observado uma mudança de comportamento: os flanelinhas não estão mais agindo daquela forma grosseira, ameaçadora. Isso é muito bom. Mostra que eles também querem se adequar", diz o delegado.
A profissão de flanelinha não é ilegal: existe legalmente desde 1975, quando o presidente Ernesto Geisel sancionou a lei autorizando o exercício da "profissão de guardador e lavador autônomo de veículos". Segundo Schmidt, a profissão foi criada porque já naquela época motoristas irritavam-se com guardadores e lavadores de carro que atuavam, sobretudo, nas orlas das praias.
Para trabalhar como flanelinha é necessário registrar-se em delegacias do Ministério do Trabalho e Emprego, provando ter bons antecedentes e estar quite com as obrigações eleitorais e militares. No exercício da profissão, o guardador não pode obrigar o motorista a pagar ou fixar qualquer quantia. Cabe ao profissional apenas pedir algum valor em troca do serviço prestado.
De acordo com o delegado, há, no Estado de São Paulo, apenas 164 flanelinhas registrados, a maioria em cidades do interior, organizados em associações e sindicatos. O número, diz ele, é ínfimo considerando a quantidade de guardadores atuando hoje no Estado.
Fonte: UOL, 16 de junho de 2012

Categoria: Geral


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