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Até o fim de 2008, todo dinheiro arrecadado com as multas de trânsito na cidade caía no caixa único da prefeitura e era aplicado nas mais diversas secretarias municipais. Essa foi, durante anos, a principal queixa dos diretores da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), empresa que tem a missão de minimizar os congestionamentos nos 17.000 km de vias paulistanas. A mudança - agora o valor arrecadado vai para o Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT) - trouxe mais dinheiro para os cofres da CET. Segundo reportagem da Vejinha, a arrecadação no ano passado foi recorde, e o orçamento aprovado para 2010 supera os 600 milhões de reais - quase 60% a mais que há cinco anos.
Mas, a despeito dos números que, à primeira vista, impressionam, a CET trafega como se estivesse constantemente em ponto morto. Câmeras, radares e semáforos inteligentes sofrem com a manutenção deficiente. A frota anda capenga e faltam marronzinhos. Sua presença fora do centro expandido é irrisória. Aproximadamente 87% do orçamento da CET (524 milhões de reais) vem de multas. É comum os motoristas reclamarem que os agentes de trânsito dão mais atenção às infrações que ao controle do tráfego. Não é verdade. "Não se multa o suficiente por aqui", diz Luiz Célio Bottura, consultor em engenharia urbana. "Ao contrário, o que se vê é uma crescente impunidade. Para cada multa, milhares deixam de ser aplicadas."
Segundo dados da CET, apenas 11,3% da frota paulistana foi multada no ano passado. E os marronzinhos são cada vez menos responsáveis pelos flagrantes. No primeiro semestre de 2009, 36% das infrações foram anotadas por eles. Os policiais militares responderam por 11% e os radares por 53% - não à toa, entre os diversos equipamentos da CET, são eles que se encontram em melhores condições: 86% das 506 máquinas funcionam perfeitamente.
De 2006 para 2009, a velocidade média dos veículos nas ruas da Capital caiu de 29 para 15 km por hora no pico da tarde (entre 17 e 19 horas). Para atropelar essas estatísticas que assombram o dia a dia do paulistano, a CET teria de operar a todo o vapor. Não é o que acontece. Dos seus 818 veículos, entre motos, carros, picapes, caminhões e guinchos, 628 são destinados para a operação na rua. Em dezembro, 39% dessa frota estava parada à espera de manutenção, de acordo com o relatório mensal da companhia. Durante todo o ano passado foram adquiridos sete veículos - número ridículo numa cidade que licencia quase 1.000 novos carros, ônibus, caminhões e vans por dia. Isso mesmo. Por dia.
Para 2010 estão prometidos 38 milhões de reais com o objetivo de melhorar o sistema de comunicação dos marronzinhos. A previsão é que até o fim de abril todas as câmeras voltem ao trabalho. Carência semelhante à das câmeras assola os semáforos inteligentes, que, sem manutenção, emburreceram. Dos 1.457 cruzamentos com a tecnologia, somente 225 (15%) estão em ordem, ou seja, trabalham conforme o tráfego de veículos nos arredores. "Quebrados, eles perdem a sincronia e embaralham tudo", afirma Alexandre Zum, tecnólogo especializado em tráfego pela Universidade de Berlim.
Outro problema é que, quando chove, muitas lâmpadas entram em contato com a água e queimam. Segundo especialistas, uma falha de 15 minutos no cruzamento entre duas avenidas movimentadas no horário de pico é capaz de provocar uma fila de até 1 km. Uma solução seria a troca das lâmpadas comuns por LEDs (diodos emissores de luz). Dos 6.004 cruzamentos semaforizados, só 711 dispõem de LEDs.
A falta de funcionários também é preocupante. Assim como o policiamento ostensivo desencoraja a ação de criminosos, a simples presença dos marronzinhos inibe as infrações e, claro, aumenta a fluidez. Dos 4.592 profissionais da CET, 2.280 são agentes de trânsito. Como 4 milhões de veículos saem às ruas diariamente, isso significa que, em média, há um marronzinho para cada 1.754 automóveis. Em Nova York, por exemplo, a proporção é de um agente para cada 637 carros.
Fonte: Revista Veja São Paulo, 24 de fevereiro de 2010

Categoria: Geral


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