O aumento ocorre em meio a uma série de medidas da gestão Fernando Haddad que desestimulam o uso do carro - incluindo a restrição de vagas para estacionar.
Entre elas está a criação de 342 km de faixas exclusivas de ônibus. Implantadas à direita, muitas delas acabaram eliminando vagas nas ruas.
O novo Plano Diretor, criado pela gestão e aprovado na Câmara, permite a construção de no máximo uma vaga por unidade nos prédios perto de corredores de transporte. Para fazer mais, será necessário pagar uma taxa.
A implantação de 400 km de ciclovias na cidade também prevê eliminar 40 mil vagas para estacionamento.
"A prefeitura tem uma estratégia de tornar o transporte público mais atraente, então claramente todas as ações são feitas no sentido de estimular as pessoas a não tirar o carro da garagem, de dificultar o transporte individual", diz Antônio Uras, especialista da consultoria EY na área de estacionamentos.
Ele coordenou um estudo em 15 distritos da capital que apontou um déficit de 125 mil vagas de estacionamento.
Para Uras, porém, o aumento de preço da Zona Azul só deve impactar os valores cobrados pelos estacionamentos privados em algumas áreas onde há maior concentração dessas vagas nas vias públicas - como Barra Funda, Bom Retiro e centro. Hoje, 28% das vagas de Zona Azul ficam na região central.
Pelo estudo, atualmente os estacionamentos particulares cobram, em média, R$ 9 pela primeira hora - e R$ 30 por um período de 24 horas.
O engenheiro Luiz Célio Bottura, consultor em transportes, avalia que o reajuste da Zona Azul deve pressionar o aumento também nos estacionamentos. Mas não deve fazer o motorista desistir de usar o carro no curto prazo.
"É bate e volta. Mas ninguém vai deixar de usar o carro por causa de R$ 2. As despesas com combustível, por exemplo, são maiores", diz.
Inflação
A arrecadação da CET com a venda de folhas e talões de Zona Azul foi de R$ 59,8 milhões em 2013 -8% da receita anual da companhia.
O prefeito Haddad está fora do cargo nesta semana - pediu licença de cinco dias por "motivo particular".
Seu governo diz que o reajuste do preço agora seguiu um estudo técnico da CET.
Jurandir Marinho, gerente da companhia, diz que o aumento de 2009 deveria ter sido para R$ 3,80, e não R$ 3. Na ocasião, afirma, um estudo indicava o valor, mas a gestão Gilberto Kassab optou pelo preço menor.
A CET argumenta que, por isso, o reajuste de agora é para compensar o período em que vigorou o preço menor e que, se considerado o valor de R$ 3,80, o aumento ocorreu conforme a inflação.
Fonte: Folha de S. Paulo, 22 de julho de 2014