O adiamento para fechar negócio evidencia o comportamento atual de boa parte dos consumidores, que têm analisado todas as possibilidades antes de assinar o cheque ou assumir as prestações de um financiamento.
CRISE E DESCONTOS
Se por um lado o mercado retraído preocupa os fabricantes, abre boas oportunidades para os compradores.
Os números registrados pela Anfavea (entidade que representa as fabricantes de veículos) não são bons. No primeiro semestre de 2014, houve queda de 7,3% nas vendas de carros de passeio e comerciais leves sobre 2013.
"As fabricantes acabam dando férias coletivas e reduzindo a jornada dos funcionários, pois os pátios já estão cheios. Há uma grande oferta de veículos no mercado, fator que leva à queda de preços", analisa Igor Kalassa, presidente da 4life Sistemas e Soluções, que presta serviços para concessionárias.
Para encontrar boas ofertas, é preciso pesquisar. A Folha consultou 24 concessionárias de diversas marcas localizadas na Grande São Paulo e encontrou não só modelos com descontos, mas também automóveis vendidos com benefícios adicionais.
Algumas marcas têm percebido que o consumidor está mais exigente e indiferente até mesmo à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), prorrogada pelo governo até o fim deste ano. Descontos e promoções não bastam.
"Talvez a gente espere até as concessionárias oferecerem ofertas mais convincentes, como IPVA grátis ou acessórios que não sejam equipamentos de série. Precisamos de algo que realmente nos empolgue", diz a gerente de marketing Camila Borges.
Ao detectar esse novo comportamento dos clientes, as fabricantes apostam em campanhas mais agressivas.
Porém, mesmo com cenário a seu favor, o consumidor deve conter a empolgação. "Ele precisa refletir se está comprando realmente o carro que precisa. É comum, na hora da euforia, adquirir um modelo que não seja o ideal", afirma Igor Kalassa, presidente da empresa 4life Sistemas e Soluções.
Mesmo que seja um bom momento para comprar, o valor de venda dos carros zero-quilômetro não deve ser o único fator considerado. Naturalmente, a queda do preço do novo leva modelos usados a uma depreciação.
Neste cenário, investir em um seminovo pode ser uma opção interessante.
Fonte: Folha de S. Paulo, 20 de julho de 2014