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Nunca no Brasil o slogan "se beber, não dirija" foi tão levado a sério, escrevem Denver Pelluchi e Diego Costa para o site Maplink. Segundo a reportagem, a partir da sanção da Lei Seca, que entrou em vigor no último dia 20 de junho, o País passou a ser dos mais rigorosos do mundo com quem dirige após ingerir bebida alcoólica, ocupando uma colocação acima de 63 países. Assim como na Suécia e na Noruega, motoristas flagrados com dois decigramas de álcool por litro de sangue são punidos.
A política de "tolerância zero" gera bastante polêmica. O principal ponto é o questionamento sobre os reais efeitos do mínimo de dosagem alcoólica no sangue sobre os reflexos vitais ao volante. Um estudo realizado pela Blood Alcohol Concentration (BAC), nos Estados Unidos, revelou que o condutor que ingere até dois decigramas ou 0,2 gramas por litro de sangue pode apresentar um estado de leve euforia. No entanto, ele não perderá a coordenação ou as funções específicas do corpo.
Com seis decigramas ou 0,6 gramas a pessoa se sente bem e saudável. Ela entra em um estado de relaxamento aliado à sensação de calor. Nesta fase há uma diminuição de noção do perigo, de memória e de raciocínio.
Em entrevista ao Maplink, a toxicologista Vilma Leyton, professora doutora da faculdade de medicina da USP (Universidade de São Paulo) e membro da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), afirma que, apesar de a lei servir para todos, há diferenças de reação de um organismo para o outro.
"Depende da altura da pessoa, mas depende também da quantidade de água que a pessoa bebeu e se ela fez exercício após a ingestão de bebida alcoólica", acrescenta o médico Paulo Pinheiro, ex-diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, ao se referir ao tempo em que a bebida alcoólica leva para se dissipar do corpo humano.
Com essa quantidade mínima estipulada pela lei questiona-se se o consumo de alimentos que tenham algum teor alcoólico pode resultar em punição também. Em situações assim, como na ingestão de um bombom de licor, a explicação está no tempo em que o álcool mantém-se no sangue. "O corpo elimina de 0,1 a 0,2 gramas de álcool no sangue a cada uma hora", esclarece Vilma.
Ela tranqüiliza os fãs de bombons, caldo-de-cana e derivados do álcool: "Não há problemas com eles, pois não serão detectados, desde que o teste não ocorra na mesma hora. Mas, mesmo assim, os policiais sabem identificar se a pessoa está embriagada ou não".
No caso de alimentos como bombons de licor, que contêm cerca de 0,2 grama, o tempo estimado para o corpo expelir o álcool é de 15 minutos, explica a doutora. Entretanto, Vilma alerta que, se o motorista ingerir dois copos de chope, o equivalente a 0,6 gramas de álcool, ele só estará apto a dirigir após 4 horas.
Os jovens são o maior alvo das autoridades. Um estudo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, em pesquisas com universitários, constatou em uma população de mais de mil estudantes que 36% deles voltam para casa dirigindo após ingerir bebidas alcoólicas.
O bafômetro tornou-se o principal instrumento para flagrar motoristas embriagados. Atualmente, a Polícia Rodoviária Estadual conta apenas com 82 bafômetros para cobrir 24 mil km de estradas estaduais em São Paulo, o que representa um bafômetro para cada 290 km. Já a Polícia Rodoviária Federal conta com 500 bafômetros para fiscalizar 61 mil km de estradas federais, ou um equipamento para cada 150 km.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), no último ano 6.950 condutores foram autuados por dirigirem embriagados. Segundo o advogado Ciro Vidal, que falou ao Maplink, ninguém é obrigado por lei a formar provas contar si mesmo, porém, o motorista que eventualmente se recusar a fazer o teste poderá ser punido com multa de R$ 955,00.
Há alternativas para identificar a embriaguez, caso não seja possível utilizar o bafômetro. Pode-se recorrer ao exame de sangue ou à análise de comportamento do motorista, como o odor etílico e o controle pessoal, que também podem servir de prova para acusar o motorista.
Fonte: site Maplink, 27 de junho de 2008

Categoria: Geral


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