A mobilidade urbana de São Paulo vai piorar por conta de uma equivocada percepção de opção entre o transporte individual ou o coletivo. O táxi é um transporte público, mas considerado individual, porque, embora possa levar até quatro passageiros, além do motorista, a sua média é inferior, com a maioria trafegando com apenas uma pessoa a mais.
Com a implantação dos corredores de ônibus à esquerda das vias, a Prefeitura permitiu o tráfego dos táxis por esses, quando com passageiros, aumentando a demanda pelos seus serviços.
Com uma visão ideológica e partidária da preferência absoluta pelos meios coletivos, a Prefeitura que tem a responsabilidade pelo transporte por ônibus, implantou várias faixas exclusivas para ônibus, do lado direito da via, com proibição de todo e qualquer outro veículo, gerando problemas para o embarque e desembarque de passageiros nos táxis.
Os táxis, na visão paulistanopetista, são considerados igualmente vilões da redução de velocidade dos ônibus. E como tal, a Prefeitura quer revogar a permissão para o tráfego deles nos corredores de ônibus, além da proibição já existente nas faixas.
Vai piorar a mobilidade urbana, mas por crença equivocada ou má-fé o objetivo do atual Governo Municipal não é melhorar a mobilidade urbana, mas a velocidade dos ônibus.
O maior uso dos táxis é uma solução adotada por outras cidades mundiais, com a substituição de uso do carro particular. Essa substituição tem impacto relativo no trânsito, em termos da densidade de pessoas trafegando, porém, afeta os estacionamentos. Acaba afetando também o trânsito, em áreas de ocupação mais densa, com as pessoas circulando - desnecessariamente - na busca de uma vaga. Segundo estatísticas, essa procura é causadora de boa parte dos congestionamentos.
Com o uso do táxi, o passageiro vai direto ao seu local de destino, sem circulação desnecessária, e não precisa de local de estacionamento de carro.
A restrição aos táxis irá aumentar o uso do carro particular e a demanda por estacionamentos nos locais de destino, que já estão congestionados e saturados.
A argumentação de que, com mais essa restrição, as pessoas vão deixar de usar o transporte individual para passar para o transporte coletivo é uma ilusão ou desejo descolado da realidade.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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