"O pior do trânsito de São Paulo é a falta de bom senso", diz Willian Andreoli, há cinco como motoboy. Na sombra das árvores da Avenida Ipiranga, ele papeava com colegas de profissão sobre os perrengues sobre duas rodas. "A cidade está cada dia mais lotada. Eu levava 40 minutos de Poá (na Grande São Paulo) até o centro um ano atrás. Agora levo mais de uma hora. E isso de moto." Antonilson Barbosa tem oito anos de motoboy. "E ainda não aprendi a andar em São Paulo."
Apontar problemas do trânsito até que é fácil. Mas os motoboys apresentam suas sugestões, pouco ortodoxas, de solução. "Se todo motorista de carro andar de moto por um mês, resolve tudo. Eles entenderiam nosso lado e a gente viveria em paz", propõe Antonilson.
No carro
Com muitos anos a mais de trânsito, o taxista Osmar Montor tem outro astral ali no lado oposto da Avenida Ipiranga. São mais de três décadas de praça. "O segredo é manter o bom humor sempre. Para Montor, com tantos carros na rua, os motoristas se tornaram menos gentis. "E os motoboys também não respeitam ninguém." Ele diz que a salvação do trânsito, ao menos para os taxistas, são os corredores de ônibus.
No mesmo ponto, Luiz Antônio da Silva aguardava, sossegado, o próximo passageiro. Há 15 anos como taxista, Silva aponta uma consequência grave do trânsito carregado: a conservação das vias. "O asfalto está péssimo. Os semáforos quase não funcionam." Além disso, ele diz que, antigamente, os "marronzinhos" eram mais eficientes na organização do tráfego. "A CET não orienta mais, só multa."
Fonte: O Estado de S. Paulo, 3 de março de 2011