Na prática, isso significa trens cada vez mais lotados. A Linha 3-Vermelha continua sendo a mais carregada, com 9,8 passageiros por m² no horário de pico, muito acima dos seis aconselháveis. Houve uma piora de 2% - o índice de 2009 era de 9,6. Isso em um período em que o ramal mais carregado do mundo recebeu cinco novos trens.
"Seis é o limite do aceitável", explica o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Waisman. Ele acrescenta que é natural a melhoria na qualidade do transporte atrair novos usuários e isso é um ponto positivo. "Mas é preciso investir em tecnologia e no aumento da rede. A distribuição da demanda por novos ramais deve melhorar o índice de ocupação."
Waisman acrescenta que outro reflexo da superlotação é o desgaste na rede e até dos trens.
A Linha 1-Azul é outro ramal que tem grande lotação no horário de pico, além de falhas recentes. O índice passou de 8 para 8,9, alta de 11,25%. Mas a linha que mais apresentou piora foi a 2-Verde, grande parte em consequência das novas estações. A situação deve piorar um pouco nos próximos meses, quando a Estação Tamanduateí iniciar a operação comercial e fizer a ligação com a Linha 10-Turquesa da CPTM. O índice de ocupação nos trens atualmente é de 5,9 passageiros por m², no limite do aceitável - o aumento foi de 25,5%
A Linha 5-Lilás mantém baixo índice, até porque não se liga às principais linhas do Metrô e da CPTM. Há 4,4 passageiros por m². A falta de articulação do transporte público piora a situação. Nos últimos anos, as facilidades do bilhete único fizeram milhares de passageiros trocarem os ônibus pelo metrô e o resultado foi a superlotação. Além disso, há uma desorganização das linhas de ônibus da cidade, o que provoca o acúmulo de passageiros em poucas estações.
Contestação
O Metrô afirma que o índice de seis passageiros por m² é usado para o dimensionamento da frota - apesar de os dados terem sido usados como parâmetro pela companhia anteriormente. A empresa não disse qual é o índice aceitável, mas informou que reduzirá a superlotação com a aquisição de 17 trens - sete para a Linha 1 e dez para a 3.
Outra medida que deve melhorar a situação é a instalação de um novo sistema de comunicação, que vai reduzir o intervalo entre os trens na operação comercial. Esse conjunto de novos trens e sistema vai aumentar em 30% a oferta de vagas - a previsão para isso é o fim de 2011.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 23 de setembro de 2010