"Nossos resultados sugerem que recentes e rápidos aumentos nos volumes das mensagens de texto resultaram em milhares de vítimas adicionais no trânsito nos Estados Unidos", escreveram Fernando Wilson e Jim Stimpson, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Norte do Texas, em artigo na revista American Journal of Public Health.
O estudo foi feito com base em dados da Comissão Federal de Comunicações e da Administração Nacional de Segurança do Tráfego Rodoviário.
O simples fato de falar ao celular já distrai o motorista, conforme vários estudos demonstraram. Mas Wilson disse que a popularização das mensagens de texto e dos smartphones com acesso a e-mails e outros aplicativos leva o problema a um novo patamar.
Em 2002, segundo ele, a cada mês eram enviadas nos Estados Unidos 1 milhão de mensagens de texto; em 2008, o número subiu para 110 milhões.
O número de mortes no trânsito vem diminuindo no país. Foram 33.963 mil casos fatais no ano passado, menor nível desde meados da década de 1950, segundo dados oficiais.
Mas Wilson e Stimpson estimaram que, para cada 1 milhão de novos usuários de celular, há um aumento de 19% nas mortes causadas pela distração ao volante.
"As mortes por distração como parcela de todas as vítimas das estradas subiram de 10,9% em 1999 para 15,8% em 2008, e grande parte do aumento ocorreu após 2005", escreveram eles.
"Em 2008, aproximadamente uma em cada seis colisões fatais resultava de um motorista estar distraído enquanto dirigia", disse o estudo.
Wilson disse que 30 Estados proíbem o uso de mensagens de texto ao volante, e alguns Estados e municípios norte-americanos exigem equipamentos de viva-voz para motoristas que usem celulares.
Nesta semana, a secretária do Trabalho, Hilda Solis, disse que órgãos federais vão estimular as empresas a conscientizarem seus empregados dos riscos de digitarem mensagens de texto enquanto dirigem para o trabalho.
Wilson disse que é preciso melhorar a fiscalização, mas que isso não será fácil.
"Acho que uma solução perfeita seria instalar bloqueadores de celular em cada carro, mas isso não vai acontecer", disse o especialista, que atendeu um telefonema para ser entrevistado enquanto estava dirigindo, mas parou para falar.
"Ao contrário de dirigir alcoolizado, onde você tem mecanismos eficazes de fiscalização, isso não existe para as mensagens de texto", afirmou. "O guarda simplesmente tem de dar a sorte de ver você digitando uma mensagem enquanto dirige."
Fonte: agência Reuters, 23 de setembro de 2010