Ele também chama a atenção porque, no mesmo período, caiu a quantidade de mortes de todos os demais tipos de vítimas de acidentes de trânsito. No total, a diminuição foi de 6,9%, passando de 741 para 690. Entre motociclistas, ela atingiu 9,3%. Entre motoristas e passageiros, chegou a 25,8%.
A CET não divulgou suas análises sobre os resultados. Especialistas ouvidos pela Folha afirmam ser necessário mais tempo para identificar explicações, mas consideram não haver nenhum sinal de que os pedestres tenham se tornado uma prioridade da prefeitura.
Relação desfavorável
Brasília é um dos poucos lugares do País onde os motoristas costumam parar na faixa de pedestres, independentemente de haver semáforo, para dar prioridade a quem está a pé, conforme exige a legislação.
Esse hábito foi consolidado após intensa campanha e fiscalização dos infratores nos anos 90 - levando à queda de 40% dos atropelamentos na época.
David Duarte Lima, da UnB, admite que os pedestres também são infratores e muitas vezes se arriscam desnecessariamente ao evitar uma passarela ou mesmo a faixa de travessia. Mas lembra que "a relação é sempre desfavorável" a ele, por ser mais frágil que os veículos.
Além disso, especialistas citam que a infraestrutura para quem anda a pé (calçadas, passarelas) é quase sempre mais precária do que a dos carros.
A CET de São Paulo afirma ter intensificado a fiscalização de motoristas e motociclistas para que respeitem a linha de retenção da faixa de pedestres na capital.
Diz que um exemplo de como ela ficou "mais severa" foi a elevação do total de multas na cidade - que subiu 36,7% no primeiro semestre, atingindo 3,16 milhões.
Segundo a CET, as multas a veículos que param sobre a faixa de pedestres na mudança do sinal (no valor de R$ 85,13) saltaram 60% - chegando a 12.748 entre janeiro e junho deste ano.
Fonte: Folha de S. Paulo, 11 de outubro de 2009