"Tem que correr mesmo, não dá pra arriscar", diz Bastos, 22 pinos na coluna, com reflexos da paralisia infantil e a experiência de quem, há sete anos, foi atropelado numa faixa.
O desrespeito aos pontos de travessia dos pedestres é um dos principais expoentes da falta de civilidade do trânsito. Entre as motos, é generalizado. Pesquisa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) mostra que só 27% delas obedecem a linha de retenção - pintura do asfalto que delimita a área dos pedestres nos cruzamentos com semáforos. Ou seja, três de cada quatro avançam a faixa, atrapalhando ou ameaçando quem está a pé. Dos carros, 83% respeitam a sinalização na travessia.
Esse tipo de levantamento é feito anualmente pela CET nos picos da manhã e da tarde. Em 2008 foram pesquisados 10.075 veículos. O índice de desobediência das motos seguiu igual nos últimos dois anos.
O especialista David Duarte Lima, da UnB (Universidade de Brasília), cita dois fatores para explicar esse comportamento. "O motociclista quer sempre sair na frente dos carros, arrancar primeiro", diz. Outro motivo é a impunidade, tanto pela dificuldade dos fiscais para identificar as placas como porque muitos radares não flagram esse tipo de veículo.
As multas aos veículos que param sobre a faixa de pedestres na mudança do semáforo ou que estacionam na calçada ou sobre a faixa representaram 0,4% e 1,6%, respectivamente.
Fonte: Folha de S. Paulo, 11 de outubro de 2009