Três importantes obras na cidade de São Paulo deverão melhorar a fluidez do trânsito: o trecho sul do Rodoanel, as novas vias da Marginal Tietê e a linha 4 do metrô (ainda restrita a um trecho entre a Faria Lima e a Paulista).
O novo trecho do Rodoanel irá retirar o grande movimento de caminhões da Marginal do Pinheiros e da Avenida dos Bandeirantes. Diversamente do que ocorreu com o trecho oeste, a "curva de maturação" será mais rápida, pois muitos motoristas já se acostumaram a usar o Rodoanel. O posicionamento dos pedágios nas vias que alimentam o Rodoanel será importante para o maior ou menor desvio.
A primeira consequência será a rápida saturação do Rodoanel em determinados trechos e horários. Mas, pelo fato de a circulação não estar sujeita a restrições de horários, os operadores poderão planejar melhor os circuitos e distribuir a movimentação ao longo do dia.
Reduzida a movimentação na Marginal do Pinheiros, Avenidas dos Bandeirantes e Roberto Marinho, o que ocorrerá com essas vias e qual será o impacto urbano?
O espaço deixado pelos caminhões irá sendo ocupado pelos automóveis, com um adensamento imobiliário nos seus entornos. O principal impacto deverá ocorrer na Avenida dos Bandeirantes, cuja configuração deverá se alterar substancialmente. O processo, no entanto, tenderá a ser lento, porque não haverá retirada total dos caminhões. As rotas em direção ao porto de Santos (e vice-versa), Belo Horizonte, Nordeste e Rio de Janeiro (incluindo o Vale do Paraíba) continuarão usando as marginais e a Avenida dos Bandeirantes. Haverá um desvio com a Jacu Pêssego, mas o fluxo continuará. Mais à frente, com a introdução do pedágio no Rodoanel, o trajeto tradicional poderá virar uma rota de fuga.
A eventual redução do fluxo na Avenida Roberto Marinho favorecerá a implantação da Operação Urbana Águas Espraiadas, envolvendo um "boom" imobiliário na região mais próxima da Berrini. Com agravamento da carência de estacionamento.
Outra área que terá um grande impacto com o Rodoanel, ainda que de forma indireta, é a da Vila Leopoldina, ora em ascensão imobiliária. A maior fluidez na Marginal do Pinheiros facilitará o acesso à área.
A ampliação das faixas na Marginal do Tietê, em tese, não retira o fluxo que segue as suas prioridades logísticas. Apenas amplia a oferta. Como tal, será de rápida saturação.
A nova linha do Metrô poderá ter um grande efeito na redução das viagens por automóvel, porém quando estiver com mais estações funcionando. A operação inicial, restrita ao trecho Faria Lima-Paulista, sem outras paradas, terá um impacto restrito.
O seu principal impacto poderá ocorrer pela conexão na Paulista com a linha verde (Vila Madalena-Sacomã) para a integração com os ônibus intermunicipais no Largo da Batata. Essa região terá uma grande transformação imobiliária.
Sempre com o risco de que a oferta de estacionamentos fique abaixo da demanda.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica do Sindepark. Com mais de 40 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.