Esse é um dos resultados da reorganização da empresa, iniciada em 2005, quando o seu orçamento passou a ser maior do que o simples pagamento da folha de pagamento da empresa. Mas a folga financeira não chegou a se refletir ainda em investimentos destinados ao ordenamento do trânsito e à redução da lentidão nos principais corredores. A velocidade média dos veículos caiu, nos últimos três anos, de 29 para 15 km por hora no pico da tarde. Por sua vez, os índices de mortes e atropelamentos da capital colocam São Paulo como o trânsito mais violento do mundo. No primeiro semestre de 2009, 690 pessoas perderam a vida nas ruas da cidade - 2,16 mortes para cada 10 mil veículos.
Dos equipamentos instalados em São Paulo para o controle do trânsito, apenas os radares funcionam perfeitamente.
Por sua vez, os semáforos chamados de inteligentes permanecem inúteis. Sem a manutenção adequada, tornam-se obsoletos e apenas funcionam normalmente em 15% dos 1.457 cruzamentos onde foram instalados. Também a presteza que a CET poderia exibir para identificar problemas na malha viária superlotada, atuando rapidamente para a liberação das pistas, se perde com a falta de recursos técnicos e humanos. Das 302 câmeras de monitoramento, 39% não funcionam e 6% operam apenas parcialmente, e, assim, os centros de controle não conseguem enviar seus agentes com a rapidez necessária para os pontos bloqueados por acidentes ou panes de veículos.
Boa parte dos cerca de 800 veículos da CET permanece fora das ruas, pois, com idade média de nove anos, precisa de boa manutenção e a oficina da empresa não tem capacidade para atender a toda a demanda. Durante todo o ano de 2009, apenas sete carros foram adquiridos, um número ínfimo numa cidade onde entram nas ruas ao menos 500 carros novos por dia. Insuficiente também é o quadro de agentes - 2,2 mil marronzinhos para mais de 4 milhões de veículos que circulam diariamente. Um fiscal para cada 1,7 mil automóveis. Na Cidade do México, com frota semelhante à da capital, há 10 mil funcionários de trânsito.
A CET precisa pôr em prática, com urgência, um programa de investimentos em equipamentos, pessoal e treinamento, pois agora dispõe de recursos.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 29 de março de 2010