Assídua frequentadora da Rua Uruguaiana, Valéria teve que estacionar, no penúltimo sábado, perto do Campo de Santana: ?É muito longe para andar com as compras e, mesmo assim, não tem vaga sempre. Eu vinha todo fim de semana, enchia a mala do carro. Agora não venho mais. Acabou?.
Segundo o comerciante Adriano dos Santos, gerente de uma das barracas na Avenida Presidente Vargas com a Rua Uruguaiana, as vendas caíram depois da extinção do estacionamento na via nos fins de semana: ?Está péssimo para a gente. Caiu o movimento, o que também é ruim para a segurança, porque tem mais assalto?. A fim de dar algum alívio aos comerciantes, o então secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, deu ordem, ainda em fevereiro, para que o estacionamento na pista lateral da Avenida Presidente Vargas, no sentido Praça da Bandeira, fosse liberado. Mesmo assim, as reclamações continuam.
O flanelinha Sidney Pereira, do Sindicato dos Guardadores de Carro e um dos poucos remanescentes que trabalham vigiando veículos neste trecho da avenida, reclamava em nome de colegas que perderam o emprego: ?Para a gente também ficou péssimo. Tem muito desempregado na rua, eles foram mandados embora porque não tem mais estacionamento e nem carro para guardar?. Já para os funcionários do estacionamento Del Park, na própria Presidente Vargas, que cobra R$ 14 a primeira hora e R$ 6 a cada fração, o fim das vagas na avenida não alterou em nada a rotina de trabalho. De acordo com a equipe que trabalha no local, o estacionamento já lotava de qualquer maneira. O pátio tem apenas 21 vagas.
De acordo com Ênio Bittencourt, presidente da Associação de Comerciantes da Saara, as vendas caíram cerca de 40% desde que o estacionamento foi proibido. ?O prefeito pede para o povo não descer de carro para o Centro. Assim, ele quer acabar com o comércio aqui. Quem compra no atacado precisa vir de carro?, reclama.
Fonte: O Globo (RJ), 5 de maio de 2014