"Nas últimas duas décadas, o governo federal perdeu a capacidade de planejar o transporte público. Essa tarefa foi transferida a Estados e municípios, o que inviabilizou a articulação necessária para o desenvolvimento do setor", explica o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. A má qualidade do serviço prestado à população, juntamente com a melhora nas condições de emprego e renda, levou muitos brasileiros a buscar o automóvel como alternativa, ainda que isso representasse um peso extra no orçamento.
Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), citados pelo Ipea, apontam que os gastos dos brasileiros com aquisição de veículos cresceram 24% entre 2003 e 2009, enquanto as despesas com alimentação encolheram 0,35% no período. Com isso, o grupo Transportes passou a dividir com Alimentação o segundo lugar no ranking de principais despesas de consumo no Brasil, atrás somente de Habitação.
O estudo do Ipea revela, porém, que quase 40% dos brasileiros se mostram dispostos a substituir o transporte individual pelo coletivo se este se tornasse mais rápido, barato e disponível. Dentre os entrevistados, 36,5% citam que já chegaram a desistir de ir a algum lugar por falta de linha no horário necessário.
Fonte: jornal Valor Online, 24 de janeiro de 2011