"O BC está atuando de forma atrasada", diz o economista da WinTrade, José Góes. "Como o juro está um pouco atrás da curva do juro futuro, há uma chance de a inflação pressionar mais do que o esperado. Por isso a indicação em títulos pós-fixados", explica. Para não correr o risco de a inflação superar o que os especialistas esperam (de 5,42% no IPCA deste ano, segundo a última pesquisa Focus), especialistas têm sugerido papéis que de alguma forma protejam o poder de consumo dos investidores.
"Enquanto estivermos no ciclo de alta, os papéis pós-fixados têm maior atratividade", diz o professor da Fiap Cláudio J. Carvajal Júnior, ao lembrar que atualmente os juros pagos nos títulos ofertados pelo Tesouro Direto estão altos. Segundo dados de 19 de janeiro, os títulos de inflação ofertados pelo site do governo tinham rentabilidade entre 5,61% a 6,29% ao ano, dependendo do vencimento, mais variação do IPCA.
Há ainda a opção de aplicar por meio de fundos. Segundo levantamento no site da Anbima, atualmente há 59 fundos de renda fixa de índices.
"O ideal seria controlar a inflação pelo ajuste fiscal, mas não é um processo tão rápido", afirma o responsável pela área de renda fixa da Queluz Asset, Luiz Augusto Monteiro. "Em todo caso, um aperto monetário tem o lado positivo de controlar a inflação, porque sem nenhuma medida ela iria começar a avançar cada vez mais."
Segundo especialistas, parte da carteira também pode estar em papéis pós-fixados que seguem a Selic. No Tesouro Direto, eles são negociados a pouco mais de R$ 4.500, mas o investidor pode comprar frações de 20% desse valor, ou seja, cerca de R$ 900.
"A renda fixa de maneira geral fica mais atraente. Os papéis prefixados já embutem essa alta do juro, mas o risco é maior", diz Carvajal. No Tesouro Direto, os pré são negociados com juro entre 12,50% e 12,77% ao ano, dependendo do vencimento.
"Montaria uma carteira com 40% em pós de inflação, 40% em pós de Selic e 20% em prefixados", sugere Góes.
Dólar e Bovespa
Para o dólar e a Bolsa de Valores de São Paulo, o impacto deve ser menor. Como esse primeiro aumento do juro já era amplamente esperado pelo mercado, não deve haver grandes mudanças de perspectiva.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 19 de janeiro de 2011